"Temos procurado por tal objeto há muito tempo, estudando arredores mais distantes do espaço. Nossos cálculos mostram que provavelmente não há quasares mais brilhantes no Universo primordial e até mesmo moderno", declarou Xiaohui Fan da Universidade do Arizona, nos EUA.
Acredita-se que buracos negros supermaciços, cuja massa pode ser várias vezes maior do que a solar, habitam o centro da maioria das galáxias massivas.
Nos últimos anos, o Hubble e outros poderosos telescópios do mundo têm procurado os buracos negros antigos e seus potenciais "embriões", usando as chamadas lentes gravitacionais. Em alguns casos, a curvatura do espaço ajuda a astrônomos verem os objetos superdistantes do Universo.
Recentemente, Fan e sua equipe tiveram sorte: conseguiram encontrar uma lente gravitacional, gerada por uma galáxia muito opaca, localizada a oito bilhões de anos-luz da Terra. Sua atração aumentou e distorceu a luz de uma galáxia ainda mais distante e antiga na constelação de Touro, que está a 12,8 bilhões de anos-luz de nós, o que tornou esse objeto visível para o Hubble.
Esta "megacidade estrelar", chamada de J0439+1634, é única e extremamente interessante. Há um buraco negro e brilhante no seu centro produzindo cerca de 600 trilhões de vezes mais luz e outras formas de radiação do que o Sol. Sua massa, de acordo com as estimativas mais conservadoras dos astrônomos, deve ser pelo menos 430 milhões de vezes maior que a da nossa estrela, mas na realidade, pode ser muito maior.
Segundo Fan, esse fenômeno pode explicar como um buraco negro no centro desta antiga galáxia atingiu esse tamanho imenso em tão pouco tempo. Uma taxa tão alta de formação de novas estrelas somente é possível se grandes quantidades de gás "fresco" e frio atingir constantemente o centro da galáxia.
Os cientistas planejam testar essa teoria depois de lançar o telescópio James Webb, o sucessor do Hubble, que poderá observar como o gás flui nas proximidades do centro do J0439+1634. Essas observações mostrarão a quantidade do gás dento do buraco negro e como sua atração afeta a velocidade da formação de estrelas.