O encontro foi presidido pelo ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araujo, e ocorreu sem que houvesse agendas oficiais e sem acesso para os jornalistas.
A agência de notícias do governo brasileiro, a Agência Brasil, destacou que os participantes discutiram "alternativas para a crise política e econômica na Venezuela, que causou escassez, a fuga de migrantes e queixas de violações de direitos humanos".
A agência não detalhou quem participou da reunião, ocorrida no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília.
O ativista da oposição venezuelana David Smolansky, um ex-prefeito que lidera um grupo técnico da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a crise venezuelana, disse à Agência AFP que sua facção "se reuniu com muitos países para aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro".
Ele chamou o Brasil de "um país com grande influência na região".
Os líderes venezuelanos que participaram foram Julio Borges, ex-chefe do Parlamento que vive exilado na Colômbia, Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas atualmente radicado na Espanha, e Carlos Vecchio, coordenador político do partido de oposição Vontade Popular.
Funcionários da embaixada dos EUA estiveram presentes, embora a missão não tenha conseguido confirmar o motivo, devido a uma paralisação do governo dos EUA que afetou alguns serviços, incluindo relações com a mídia.
A Agência Brasil e outros meios de comunicação brasileiros disseram que outros representantes do "Grupo de Lima", um grupo de 14 países nas Américas que vê o governo de Maduro como antidemocrático, também estavam lá.
Isolando a Venezuela
Maduro e membros de seu governo já estão sob sanções dos EUA e da União Europeia (UE). Já o novo governo do Brasil, sob o presidente Jair Bolsonaro, declarou que desafiará vigorosamente o regime da Venezuela.
Bolsonaro também disse que quer muito mais laços com os Estados Unidos, que vem pressionando por uma campanha regional mais forte contra Maduro.
A reunião de quinta-feira aconteceu um dia depois que Bolsonaro recebeu o presidente argentino, Mauricio Macri, e ambos os líderes condenaram a "ditadura" de Maduro.
O Grupo de Lima, a UE e os EUA veem a presidência de Maduro como ilegítima depois que ele assumiu um novo mandato na semana passada, após as eleições de maio de 2018 marcadas como fraudulentas pela oposição.
Maduro e seu governo frequentemente acusam os Estados Unidos de quererem fomentar uma insurreição.
"A Venezuela exige respeito por sua democracia", tuitou o ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, na quarta-feira, denunciando o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e "outras vozes extremistas buscando desestabilizar o país e incitar a violência".
Maduro é amplamente responsabilizado pelo colapso econômico da Venezuela, que vê o país, dependente do petróleo, se afundar no quarto ano de recessão, com a produção de petróleo há 30 anos em baixa, enquanto a pobreza é generalizada e milhões de pessoas fugiram do país.