Imediatamente depois que o destróier americano atravessou o Bósforo, o navio de patrulha russo Pytlivy começou a monitorar suas ações. Além disso, na zona de controle da Frota do Mar Negro, o USS Donald Cook será vigiado por meios eletrônicos e técnicos. Se for necessário, o destróier será monitorado por aviões e drones.
A anterior visita de navios da Marinha dos EUA ao mar Negro ocorreu em julho de 2018. Nessa ocasião, o USS Mount Whitney, navio de comando da Sexta Frota, e o destróier USS Porter passaram mais de dez dias nessas águas, no âmbito das manobras Sea Breeze 2018.
Em agosto, o destróier USS Carney realizou uma breve visita ao mar Negro. Um pouco mais tarde, o navio de desembarque Carson City se juntou a ele. Ambos os navios estiveram apenas alguns dias no mar Negro.
O navio USS Donald Cook exibe a bandeira americana perto da costa russa com tanta frequência que os marinheiros das Frotas do Mar Negro e do Mar Báltico costumam chamá-lo de "velho amigo". Em particular, o destróier estava no mar Negro no início de 2014, durante os eventos que ocorreram na Crimeia.
Naquela época, um avião Su-24 russo realizou manobras durante quase uma hora e meia perto do destróier, a uma altitude de cerca de 150 metros. O Pentágono se queixou das ações "provocativas" dos pilotos russos. Um incidente semelhante ocorreu em 2016, no mar Báltico.
Segundo a edição russa Izvestia, os especialistas concordam que, do ponto de vista militar, o navio dos EUA não representa ameaça e que suas manobras perto da Rússia devem ser consideradas do ponto de vista político.
"É uma tentativa de mostrar que os americanos também têm influência na região apoiando o governo de Poroshenko [Pyotr Poroshenko, presidente da Ucrânia]", disse o primeiro vice-presidente do Comitê Internacional do Senado russo, Vladimir Dzhabarov.
O senador considerou que a mera ação de monitorar o destróier dos EUA a partir do navio-patrulha da Frota do Mar Negro já é uma resposta suficiente à presença do USS Donald Cook.
Além disso, os aviões de reconhecimento e drones pesados dos EUA também estão constantemente voando ao longo da costa da Crimeia e da costa da Rússia continental na região.
"Agora os EUA estão tentando manter uma presença permanente no mar Negro, de modo a que pelo menos um navio esteja sempre lá. Vamos ver quanto tempo eles conseguem manter essa presença constante, afinal, esta é uma área distante para os EUA", ele afirmou.
Eles vêm e vão
De acordo com a Convenção de Montreux sobre o Regime dos Estreitos, os navios de países não ribeirinhos do mar Negro têm o direito de permanecer lá por um máximo de 21 dias, lembrou o historiador naval Dmitry Boltenkov.
Segundo o especialista, é improvável que os americanos possam garantir uma presença constante de seus navios no mar Negro por um longo tempo.
"Um navio de guerra moderno depende muito da infraestrutura costeira. A Roménia e a Bulgária não podem fornecê-la aos americanos. Sobre a Ucrânia, nem vou comentar. Quanto à Turquia, duvido que permita aos EUA usar suas bases, porque suas relações não são as melhores atualmente", explicou Boltenkov.
O analista militar Vladislav Shuryguin, por sua vez, não exclui que a Ucrânia use a presença dos EUA como cobertura e realize outra provocação.
"As visitas anteriores dos navios estadunidenses não foram coordenadas com as forças ucranianas. Entretanto, Kiev pode tentar realizar sua operação de forma independente, sem informar o Pentágono. Mas, é claro, os líderes militares russos estão prontos para tal cenário", concluiu o analista.