O embaixador foi convocado nesta segunda-feira (21) após os comentários "inaceitáveis e infundados" de Di Maio, disse à AFP uma fonte do gabinete da ministra francesa da Europa, Natalie Loiseau, sob condição de anonimato.
Di Maio fez uma série de observações incendiárias enquanto visitava a região de Abruzzo, no centro da Itália. Foi o mais recente episódio de sérias tensões entre o governo populista de Roma e o líder centrista da França Emmanuel Macron.
"A União Europeia deve sancionar a França e todos os países como a França, que empobrecem a África e fazem com que essas pessoas partam, porque os africanos deveriam estar na África, não no fundo do Mediterrâneo", disse Di Maio. "Se as pessoas estão indo embora hoje, é porque os países europeus, a França acima de tudo, nunca pararam de colonizar dezenas de países africanos", acrescentou.
Respondendo à convocação de seu embaixador em Paris, Di Maio descartou a idéia de um "incidente diplomático" entre os dois países.
"A França é um desses países que, porque imprime a moeda de 14 países africanos, dificulta o desenvolvimento e contribui para a saída de refugiados", disse ele, citando um argumento comumente ouvido entre alguns ativistas de esquerda. "Se a Europa quiser ser corajosa, deve ter a coragem de enfrentar a questão da descolonização na África."
A marinha italiana levou três sobreviventes à ilha mediterrânea de Lampedusa.
A Itália fechou seus portos para barcos que trabalham no resgate de refugiados que naufragam no Mediterrâneo e defende uma postura linha-dura contra a imigração.
Depois de fazer comentários criticando o governo italiano e sua abordagem à imigração no ano passado, Macron e o governo francês, desde então, evitaram entrar em disputas com Roma.
Mas as relações entre as duas capitais, geralmente próximas, se deterioraram desde que a coalizão entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga conseguiram eleger o primeiro governo populista da União Europeia, em junho do ano passado.
Di Maio e o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, do partido Liga, recentemente apoiaram os "coletes amarelos" que protestam contra o governo de Macron desde novembro.