O número de mortes da explosão em um oleoduto da empresa Pemex já totaliza 85, segundo balanço divulgado pelo ministro da Saúde do México, Jorge Alcocer.
O local da tragédia se encontra entre duas estradas que levam ao centro da cidade Tlahuelilpan. Trata-se da região que fornece combustível para o centro do México, a 15 km da refinaria Tula, de onde começa o oleoduto. Agora, não passa de um campo devastado e com cheiro forte.
A hora do acontecimento foi determinada pelo governador de Hidalgo, Omar Fayad. Às 16h30 de 19 de janeiro, Pemex comunicou uma perfuração clandestina e as Forças Armadas foram enviadas imediatamente para lá, chegando depois das 17h.
Segundo o governador, as autoridades tentaram conter os cidadãos que estavam com galões nas mãos para pegar gasolina. A pressão ocasionou liberação intensa de hidrocarbonetos, e os avisos das Forças Armadas não foram suficientes para conter o povo.
Depois de duas horas do surgimento de um gêiser de gasolina de 10 metros de altura, que cobriu todas as pessoas, a gasolina entrou em combustão.
"A maioria ficou sabendo pelas redes sociais ou por mensagens do WhatsApp que podia conseguir a gasolina que quiser, e daí dá para imaginar. Nenhum de nossos familiares estava lá, graças a Deus, mas quando explodiu todos buscaram os seus no local", comentou um comerciante, que preferiu manter anonimato.
O homem afirmou que desde outubro a presença militar já vinha aumentando, mas crê que a situação piore ainda mais. "Eu creio que piorará situação do povo com mais violência", assinalou o interlocutor da Sputnik Mundo.
Quanto à responsabilidade institucional do Exército do México, que não conseguiu conter a situação massacrante, o presidente Andrés Manuel López Obrador aprovou ações do comando militar.
"Eu apoio a posição assumida pelo Exército. Nós não podemos enfrentar estes atos com medidas coercivas, não podemos reprimir. Deter significa, em dado momento, desatar repressão", afirmou.
Famílias e busca
Luis Lomelí, subsecretário do governo de Hidalgo, indicou à Sputnik que 25 soldados foram enviados ao local devido ao alarme da Pemex e que "não conseguiram conter 500 pessoas".
Levando em consideração a incineração dos corpos, a identificação será realizada através de DNA. Funcionários declararam às famílias das vítimas que, para identificação, uma denúncia deve ser feita ao Ministério Público de Mixquiahuala de Juárez, onde o sangue de familiares foi recolhido para comparar com DNA dos cadáveres.
Perto do Ministério Público há três mulheres (Blanca, Tania y Sandra) alimentando as famílias afetadas.
Tania disse à Sputnik que nunca viu explosão tão forte e que está tentando ajudar. "Compreendemos a dor de não saber da sua família, que eles não têm cabeça para pensar em comida, e isso os prejudica. Precisamos ajudá-los pelo menos um pouco", comentou a mulher.
O procurador da República, Alejandro Gertz Manero, comunicou que a identificação dos cadáveres está sendo realizada com verba da justiça estatal e chefiada pelo procurador Raúl Arroyo.
Segundo a hipótese preliminar do procurador, "o oleoduto estava cheio de gasolina de muito alta octanagem, o que gerou gases de grande letalidade e por isso quando as pessoas começaram a se aproximar e mover ativamente na zona, a roupa sintética pôde ter gerado reações elétricas. Isso é o início da investigação do que pode ter gerado a explosão".
O presidente López Obrador não anunciou quando visitará a zona afetada, mas garantiu que as vítimas receberão "apoio total".