Em seu informe anual a ONU reduziu a previsão de crescimento do Brasil em 2019 e 2020. A redução ficou entre 0,4% e 0,6%, em comparação às previsões do ano passado.
Dessa forma, o crescimento da economia brasileira ficará abaixo da média mundial, que chegará a 3% neste ano e em 2020. A taxa nacional é menos da metade da média dos emergentes, que devem ter crescimento de 4,3% em 2019 e 4,6% em 2020. As reformas prometidas pelo governo Bolsonaro serão suficientes para tirar o Brasil da crise e fazer o país voltar a crescer em ritmo satisfatório?
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Istvan Kasznar, economista da Fundação Getúlio Vargas. Para ele, as revisões das taxas de crescimento são comuns, mas o problema é muito mais amplo, pois desde 2016 o país cresce a "taxas medíocres", apesar de todo o grande potencial econômico.
"Crescer entre taxas de 2% e 2,5% é ridículo, comparando com o que nós habilitaria, dada a nossa capacidade hoje de dispor de mais de 380 bilhões de dólares em reservas internacionais. Nós deveríamos estar crescendo entre 4% e 5%, mas estamos estrangulados por um deficit público gigantesco, por uma previdência, cuja solução não encontra uma solução firme e forte, temos uma legislação trabalhista dúbia e uma série de elementos que dizem respeito à falta de produtividade do país, justamente porque o empresariado foi deixado para trás ao longo dos últimos anos", explicou o economista, que também culpou os impostos pelo baixo crescimento do PIB.
Segundo o professor da FGV, o país precisa "revisar as grandes bases da macropolítica brasileira", pois de "de 1968 para cá temos uma carga fiscal que sobe de década em década".
Ele lembrou que a carga fiscal, no ano passado, variou, de acordo com diversos estudos, entre 36 e 39% do PIB.
Para vencer todos esses desafios, Istvan Kaznar acredita ser necessário um pacto nacional em diversas frentes.
"É preciso criar um acordo nacional para abrir a economia, liberalizá-la, arejá-la, desregulamentá-la, revisar a legislação com lógica, capacitar o empresariado, retreinar os empregados, facilitar a inovação tecnológica, valorizar a propriedade intelectual no Brasil", disse.
Por isso, para Kasznar, a realização das reformas da Previdência e Fiscal e Tributária não bastam para recolocar o Brasil sobre os trilhos.
"Elas podem ajudar, dar uma sensação de melhora", disse. "Mas não adianta aplicar medidas paliativas sobre um agente que está sumariamente doente", completou.