O cientista da Academia de Ciências da Rússia, Boris Shustov, acredita que há vida em Marte. "É impossível esterilizar completamente as espaçonaves. O maior nível de esterilização alcança várias centenas de microrganismos por metro quadrado. É óbvio que eles existem e são muito resistentes. A vida é difícil de criar, mas também é difícil de destruir", assinalou o astrônomo.
A hipótese do cientista russo é confirmada por investigações internacionais. Durante um experimento em 2014, quando os astrofísicos examinaram o aparelho Curiosity logo depois de sua desinfeção, foi descoberto que 65 espécies de bactérias sobreviveram a essa esterilização, ou seja, foram lançados ao espaço junto com o Curiosity.
Supondo que os microrganismos tenham chegado a Marte, eles enfrentaram condições duras com temperatura média de 55 °C negativos, pressão atmosférica extremamente baixa, perclorato, venenos perigosos no solo que matam os seres vivos e falta de precipitações atmosféricas e de água.
No entanto, em 2005 os cientistas da Universidade da Califórnia descobriram que algumas espécies de bactérias da Terra se alimentam de perclorato.
Quanto ao nível mortal de radiação ultravioleta em Marte, alguns microrganismos terrestres conseguem viver em tais condições. No decorrer de um experimento em 2012, cientistas alemães colocaram fungos Xanthoria elegans em condições próximas às de Marte, reproduzindo a temperatura, composição da atmosfera, solo, pressão e radiação solar, e eles conseguiram sobreviver durante 34 dias, continuando a realizar a fotossíntese.
Ao papel de colonizadores de Marte também podem se candidatar os extremófilos Carnobacterium detectados na península russa de Taimir. Eles são capazes de sobreviver com temperaturas e pressão extremamente baixas. Os microrganismos metanogênicos também se sentem bem em tais condições, sendo capazes de viver até sem oxigênio e produzindo metano.
O metano se considera um dos biomarcadores que indicam a existência de vida em um planeta. Na Terra quase todas as reservas desse gás têm origem biológica, sendo produzido pelos microrganismos metanogênicos no intestino de mamíferos e expelido em resultado de erupções vulcânicas e pela decomposição dos restos de plantas.
Agora uma parte dos cientistas defende a origem não biológica do metano em Marte. Mesmo que ainda não tenham sido encontrados vulcões ativos no planeta, a fonte do metano poderiam ser clatratos, que contêm esse gás.
Há cientistas que consideram que o metano pode ser resultado da atividade de seres vivos, tanto de Marte, como trazidos da Terra. A primeira hipótese pode ser confirmada pela descoberta em Marte de objetos parecidos com tapetes microbianos da Terra. A segunda versão se baseia na capacidade de sobrevivência de micróbios terrestres e no fato de que na década de 1970 a esterilização não era considerada importante.
O cientista da Academia de Ciências da Rússia, Georgy Managadze, explicou à Sputnik que não exclui a possibilidade de introdução de vida terrestre em Marte.
"Porque não? Os nossos micróbios podem já estar lá. E no futuro isso pode dificultar a investigação do planeta vizinho. Se em Marte houver formas de vida próprias — eu creio que esse planeta é habitável — será difícil distingui-las das terrestres, já que as relações entre elementos biogênicos devem ser iguais", esclareceu o investigador.