No vídeo, o general Francisco Estéban Yánez Rodríguez, membro do Alto Comando da Força Aérea, pediu a outros membros do Exército que desertassem.
O oficial diz que "90% das Forças Armadas não estão com o ditador" e também afirma que desconhece a autoridade "ditatorial" do presidente Nicolás Maduro.
ATENCIÓN: General de División Francisco Estéban Yánez Rodríguez, Director de Planificación Estratégica del Alto Mando Militar de la Aviación, reconoce a Juan Guaidó como Presidente (E) de Venezuela. #2Feb pic.twitter.com/Uz4fOixsvq
— Gabriel Bastidas (@Gbastidas) 2 de fevereiro de 2019
A página da web do Alto Comando lista ele, junto com uma foto, como chefe de planejamento estratégico da Força Aérea.
Em sua conta no Twitter, o Alto Comando acusou o general de traição. Yánez é o primeiro general venezuelano ativo a reconhecer Guaidó desde que ele se proclamou presidente em 23 de janeiro.
O sábado será marcado por protestos na Venezuela.
As manifestações da oposição coincidirão com uma marcha convocada pelo governo em uma das principais avenidas do centro de Caracas para comemorar os 20 anos da chegada ao poder do falecido presidente Hugo Chávez, que marcou o início de sua revolução bolivariana.
As comemorações, marcadas pela crise que assola o país, serão lideradas por Maduro, que deve chegar ao meio-dia na avenida central de Bolívar, onde foi atingido por drones há quase seis meses.
"Estamos enfrentando a maior agressão política, diplomática e econômica que em 200 anos da República a Venezuela já enfrentou", disse Maduro na sexta-feira, referindo-se às crescentes pressões internas e externas sobre seu governo, que se intensificaram nesta semana com sanções que Washington impôs à estatal de petróleo PDVSA — o carro forte da economia do país.
Descartando que ele cederia à pressão, o governante esquerdista disse durante um ato com soldados no oeste da capital que ele permanecerá firme em defesa da Constituição.
Além disso, Maduro aproveitou a oportunidade para fazer um novo apelo às Forças Armadas, consideradadas o principal alicerce de seu governo, para manter a coesão e lealdade à Constituição.
Desde o início de janeiro, a Assembléia Nacional, que tem maioria de oposição, intensificou a pressão para destituir Maduro, acusando-o de "usurpar" a posição desde 10 de janeiro, quando iniciou seu segundo mandato de seis anos.
A oposição não reconhece a reeleição do presidente, alegando que as eleições em que foi reeleito em maio passado foram uma "farsa" porque não cumpriram os parâmetros legais e de transparência, observações que o governo rejeitou. A maioria dos países vizinhos da Venezuela e da União Européia não reconhecem sua reeleição, e pediram a ele que convoque eleições livres.
Já a oposição vai às ruas para aumentar a pressão e conseguir a entrada de ajuda humanitária no país.
Por mais de um ano, organizações humanitárias e de oposição pediram ao governo que permita a entrada de ajuda internacional para aliviar os sérios problemas de escassez de alimentos e remédios, mas as autoridades se recusaram, alegando que essa ação visa promover uma invasão militar.
Guaidó, que foi proibido pela Suprema Corte de Justiça nesta semana de deixar o país e teve suas contas bancárias congeladas, pediu às Forças Armadas e ao resto da população que atuem em face da crise humanitária.
Horas depois da declaração do líder da oposição, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, anunciou que os Estados Unidos enviarão ajuda humanitária à Venezuela.