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Atingidos por Barragens acusam Vale de assediar famílias de Brumadinho

© AFP 2023 / Mauro Pimentel Moradores observam lama depois que uma barragem de propriedade da mineradora brasileira Vale SA explodiu, em Brumadinho
Moradores observam lama depois que uma barragem de propriedade da mineradora brasileira Vale SA explodiu, em Brumadinho - Sputnik Brasil
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O Movimento dos Atingidos por Barragens afirma que a mineradora Vale está assediando e pressionando familiares de vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho. A Sputnik Brasil conversou com Joceli Andrioli, representante nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) sobre o trato da empresa com as vítimas de Brumadinho.

O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens vem auxiliando vítimas da tragédia do rompimento da barragem de rejeitos do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em Minas Gerais, desde quando a barragem se rompeu no dia 25 de janeiro levando a morte trabalhadores da mineradora Vale, moradores da cidade e turistas, que visitavam a região. 

Joceli Andrioli, representante nacional do MAB, em entrevista à Sputnik Brasil, fez um comparativo da tragédia em Brumadinho com a de Mariana, tendo em vista o auxílio prestado às vítimas.  

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"A gente sabe que as mineradoras têm muito poder econômico, são os grandes financiadores das campanhas eleitorais, que elegem as assembleias legislativas, o Congresso Nacional, governadores, presidentes, e muitas vezes a representação política fica refém do capital econômico. Nós temos cobrado aqui para que não se repita o que aconteceu em Mariana, onde o poder público não tomou as providências cabíveis", destacou.

"Vários projetos que o MAB ajudou a construir, que estão paralisados, como é o caso do projeto de lei que garante a segurança das barragens, proibindo barragens perigosas, que tá parado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um projeto de lei que garantia o direito das populações atingidas, que até hoje não tem marco legal, que garanta a transparência, a participação, informação dessa população, e políticas claras de reparação. Esses projetos estão paralisados pelo lobby das mineradoras, e agora a gente está com muito medo, porque se repete novamente em Brumadinho essa relação de dependência da lógica política das mineradoras", alertou o representante do MAB.  

Andrioli comentou as expectativas em relação ao processo de pagamento de indenizações e as obstruções que a Vale vem fazendo. Segundo ele, o MAB está tentando impedir que acordos sejam feitos entre a Vale a Justiça à revelia dos atingidos.

"A Vale está usando uma estratégia de parecer que está ajudando as famílias e achando que o dinheiro compra tudo. Nós defendemos que é importante ter esse recurso sim pras famílias nesse momento que elas estão vivendo, pra ter soluções mais ágeis. No entanto, alertamos o Ministério Público para estar muito explícito no recebimento desse recurso que é de fato uma doação. Tem que constar que é uma doação, porque depois a gente sabe, como foi em Mariana, que a empresa volta atrás dos acordos e tenta judicializar para reaver essa questão", frisou. 

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Joceli alertou que "as empresas sempre tentam criar uma divisa entre os atingidos", destacando que na comunidade do Parque das Cachoeiras a Vale foi categórica ao afirmar que os recursos seria destinados apenas às comunidades que perderam renda, restringindo o número de pessoas que recebem o tratamento emergencial. 

"No uso da propaganda fala-se como se todos os atingidos estivessem recebendo isso, mas não é. A Vale faz uma estratificação dessas pessoas", disse. 

"Tem um assédio muito grande sobre os atingidos, porque a Vale orientou vários que agora estão como voluntários, mas são da Vale, e estão fazendo vários levantamentos no meio da população. Inclusive, criando situações muitas vezes para afastar os atingidos da organização legítima, que é o Movimento dos Atingidos pelas Barragens", denunciou o representante nacional do MAB. 

De acordo com ele, outra prática prejudicial que a Vale estaria adotando seria a de enviar famílias para hotéis sem o consentimentos das vítimas, destacando que muitas pessoas não querem sair de suas casas. 

"Tem muitas famílias com medo, porque a casa está comprometida mas ainda restaram os imóvei, e não querem ir para hotel. O hotel tem sido uma imposição da empresa muitas vezes. A empresa já começou a alugar casas, mas novamente sem a participação dos atingidos. Os atingidos devem escolher onde vão morar, e não a Vale apresentar uma lista e dizer onde é que os atingidos vão morar", completou. 

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