Economista chinês afirma que princípio 'Primeiro América' fará americanos sofrerem

© AFP 2023 / STRNotas yuan e dólares dos EUA são vistos em uma mesa em Yichang, província de Hubei, na China central em 14 de agosto de 2015
Notas yuan e dólares dos EUA são vistos em uma mesa em Yichang, província de Hubei, na China central em 14 de agosto de 2015 - Sputnik Brasil
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Colaborar com o comércio chinês "é mais rentável", porém, "nem todos entendem isso na Casa Branca", afirma o economista Yifu Lin.

Faltam menos de três semanas para término da "trégua" na guerra comercial entre EUA e China. O renomado economista chinês e ex-vice-presidente do Banco Mundial manifestou em entrevista ao jornal Kommersant a esperança de que as controvérsias entre os dois países terminem com um acordo amistoso. Além disso, ele advertiu que, em caso contrário, os chineses estão prontos para assumir as consequências econômicas.

"O comércio garante os lucros mútuos para ambos os países", afirmou Lin, expressando que a "racionalidade econômica seja mais forte do que a irracionalidade política".

O economista também ressaltou que o governo chinês está disposto a não celebrar nenhum acordo no dia 1º de março, e, inclusive, intensificar o confronto com os norte-americanos, caso Washington faça propostas inaceitáveis.

"Nós esperamos o melhor, mas estamos nos preparando para o pior", alertou Lin. Explicando que as exportações da China para os EUA "são de fato muitas, mas parte significativa é representada por produtos de empresas norte-americanas estabelecidas na China".

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Na maior parte dos casos, a fabricação de produtos norte-americanos na China depende da importação de componentes dos EUA, Japão, Coreia do Sul e Europa. Ou seja, caso os EUA apliquem tarifas, consequentemente, os fabricantes chineses sofrerão até certo ponto, contudo, os consumidores dos EUA também sofrerão, bem como os fornecedores de componentes de todos os países envolvidos, explicou Lin.

Segundo o economista, nestas circunstâncias, o dano que a economia chinesa sofre "não é tão grande" e que "segundo os cálculos, a redução máxima no PIB chinês, em caso de aplicação de taxas, seria de aproximadamente 0,5%. É o mesmo que dizer que não cresceremos 6,5%, mas, sim, 6% por ano, o que continua sendo um dos melhores indicadores do mundo".

Com relação aos EUA, o crescimento do PIB diminuiria aproximadamente 0,3%, ou seja, o crescimento total de seu PIB anual é de aproximadamente 2,5%, significando que em términos relativos, o país perderia mais do que a China. "Se esse é o desejo dos EUA, o que podemos fazer a respeito?", indagou Lin.

Lin também ressalta que a guerra comercial não foi iniciada pela China, mas, sim, pelos EUA quando Donald Trump não aceitou o acordo proposto pelos chineses e aplicou tarifas de 25% sobre os produtos chineses, afetando negativamente a China, porém, "também impactou as empresas e pessoas norte-americanas, já que são obrigadas a pagar mais caro por bens importantes para seus negócios".

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Vale observar que em resposta às medidas dos EUA, a China elevou as tarifas sobre os bens vendidos pelos EUA na China. Na ocasião, os EUA mencionaram que levaria as empresas norte-americanas para outros países, como Vietnã, Malásia e outros do Sudeste Asiático.

Porém, o economista afirma que essa medida não seria uma boa ideia para os EUA, pois esses países não possuem uma estrutura necessária com uma integração mais complicada economicamente, enfatizando que mesmo com as tarifas de 25%, a importação dos EUA de produtos chineses seria mais rentável do que uma hipotética importação do Vietnã.

"Quase todos os economistas entendem isso, mas, infelizmente, nem todos entendem isso na Casa Branca. Em nome do princípio ‘American First' [Primeiro América], os EUA farão com que seu povo e suas empresas sofram", conclui Lin.

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