Na última semana, se tornou pública no Brasil a notícia de que o país indicará, até o final do ano, um general para assumir um posto no Comando Sul (SouthCom) dos EUA, que cobre América Central, Caribe e América do Sul, provocando controvérsias.
"Certamente, essa presença de um oficial, general, do Brasil no Comando Sul é algo que atrapalha, sim, as relações bilaterais, seja do Brasil com a Rússia ou do Brasil com a China", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil, explicando que a tendência é que isso afete apenas o campo político, não extrapolando para o setor econômico, por conta de um conjunto de fatores recentes.
O analista destaca que a surpresa nesse caso se dá pelo fato de esse tipo de prática não ser comum nas relações exteriores brasileiras, ao contrário do que ocorre com outros países.
"Estamos habituados a ver nossos generais, oficiais de alta patente, participando de missões internacionais sob bandeiras de organismos internacionais, como a ONU ou como a OEA. Mas vermos um general brasileiro no Comando Sul, sob o comando norte-americano, é algo realmente que causa espécie e certamente tem, sim, capacidade de interferir nas relações com atores de grande envergadura, como são Rússia e China."
Em recente comentário sobre o assunto, o ex-chanceler brasileiro e ex-ministro da Defesa Celso Amorim disse que o Brasil estaria se "metendo em uma arapuca" ao aceitar esse tipo de cooperação militar com os Estados Unidos. Segundo Velasco, do lado americano, esse tipo de postura representaria um sinal de elevado nível de confiança mútua, "o que não deixa de ser algo positivo", embora existam "outras maneiras de fazer isso":
"Existem múltiplos acordos possíveis. O Brasil, aliás, tem vários firmados com os Estados Unidos ao longo de sua história que servem ao mesmo propósito, de garantir confiança mútua, troca de informações, cooperação no âmbito de armamento, manobras militares conjuntas… Isso é relativamente comum."