- Sputnik Brasil
Notícias do Brasil
Notícias sobre política, economia e sociedade do Brasil. Entrevistas e análises de especialistas sobre assuntos que importam ao país.

Sem diálogo com governo, Força Sindical quer levar ideias sobre Previdência ao Congresso

© Foto / Jaélcio Santana / Força Sindical BrasilAto na Praça da Sé, em São Paulo, contra a reforma da Previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional
Ato na Praça da Sé, em São Paulo, contra a reforma da Previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional - Sputnik Brasil
Nos siga no
João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, criticou a falta de diálogo com o governo antes da apresentação da proposta de reforma da Previdência, ocorrida hoje no Congresso Nacional. Sem diálogo com o Planalto, ele espera que os sindicatos consigam debater o projeto com o parlamento antes que as mudanças sejam adotadas.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) entregou nesta quarta-feira ao Congresso Nacional o seu plano de reforma previdenciária. Com essa proposta de emenda constitucional (PEC), o governo espera economizar mais de R$ 1 trilhão ao longo de dez anos, de forma a cobrir um suposto rombo no sistema.

​O texto apresentado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reúne uma série de pontos que já vinham sendo mencionados por autoridades e políticos ao longo das últimas semanas, como a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, novas alíquotas de contribuição, regime de capitalização etc, e abrange trabalhadores tanto do setor privado como do serviço público. Os militares, por sua vez, serão contemplados em outra proposta, que deve ser encaminhada pelo governo dentro de um mês. 

O Presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente General Hamilton Mourão, durante cerimônia de posse aos presidentes dos bancos públicos. - Sputnik Brasil
Notícias do Brasil
Bolsonaro conseguirá enquadrar militares na reforma da Previdência?

Para o secretário-geral da Força Sindical, Juruna, que esteve presente em uma das inúmeras manifestações contra a atual reforma realizadas hoje pelo país, em São Paulo, independentemente do conteúdo das propostas que estão sendo apresentadas, um dos maiores problemas em questão seria a maneira como todo o processo vem sendo conduzido pelo governo, sem uma discussão prévia, detalhada, com representantes da sociedade.

"O que interessa para mim e para nossa central é demonstrar que o debate tem que ser feito com os trabalhadores, com aqueles que poderão se aposentar no futuro, porque a regra pode prejudicar esse ou aquele. Então, o debate social, o debate numa sociedade, o debate na democracia tem que levar em conta a opinião da maioria", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil. "E a maioria pode ser expressada dentro do Congresso Nacional. Por isso, nós vamos levar as nossas ideias lá para o Congresso Nacional, com os senadores e deputados federais", acrescentou, destacando que o único contato possível foi uma conversa entre a Força e o ministro da Economia, Paulo Guedes, "mas isso foi antes da proposta que o governo fez", não houve um amplo debate. 

​Juruna afirma que a movimentação vista hoje nas ruas contra o governo foi sobretudo uma forma de reivindicar um espaço popular no debate sobre a reforma antes que seja tarde demais.

"Eu creio que as centrais sindicais têm trabalhado o movimento do ponto de vista unitário. A manifestação na Praça da Sé [São Paulo] é uma expressão de todas as centrais sindicais, de todas as colorações político-ideológicas. Agora, é claro que esse debate, na Câmara e no Senado, vai se revelar, sim, diferente, porque tem opiniões dos servidores públicos, tem opinião de militares, tem opinião de trabalhadores do setor privado." 

Sobre o texto da proposta apresentada, o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, declarou que o mesmo não trouxe nenhuma surpresa. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa da CSB, ele disse que o documento "representa a velha estratégia de arrochar a aposentadoria da imensa maioria do povo, sem atacar prioritariamente as regalias, a sonegação das grandes empresas, a falta de contribuição do setor agroindustrial, além de privatizar o novo regime de capitalização". 

"Ela [proposta] é praticamente uma cópia piorada da reforma apresentada por Michel Temer. Se existe déficit, queremos que o governo mostre claramente os números, sem manobras e sem misturar alhos com bugalhos", afirmou o sindicalista. "O governo é majoritariamente formado por militares e banqueiros, como Paulo Guedes. Topamos debater a reforma, mas ela tem que começar pelos militares e pelos bancos, que agora querem avançar sobre o regime de capitalização que seria criado. Não dá para punir os mais pobres sempre."

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала