"Arquivos que poderiam ter documentado as terríveis ações e chamado os responsáveis foram destruídos, ou nem mesmo criados", revelou o cardeal Reinhard Marx em uma reunião dos principais clérigos em uma cúpula vaticana sobre abuso sexual infantil.
Dizendo que os direitos das vítimas foram "efetivamente pisoteados", Marx admitiu que "procedimentos e processos" que poderiam ter levado a processos bem-sucedidos "deliberadamente não foram cumpridos". Em vez disso, as evidências foram "canceladas ou ignoradas" pelos oficiais da Igreja.
Observando que não há substituto para a "rastreabilidade e transparência", o cardeal acrescentou que a falta de vontade da Igreja para enfrentar esses crimes deixou as vítimas incapazes de confiar no sistema e correu o risco de arruinar a credibilidade da Igreja.
"Estes são todos os eventos que contradizem fortemente o que a Igreja deve representar", declarou.
A admissão de Marx vem no penúltimo dia de uma cúpula de quatro dias com a presença dos principais bispos da Igreja. Convocada pelo Papa Francisco, a conferência sem precedentes é a tentativa do Vaticano de refletir e discutir os escândalos de abuso sexual que atormentam a Igreja há décadas.
A cúpula vem no contexto de vários escândalos que surgiram recentemente no Chile, na Alemanha e no estado norte-americano da Pensilvânia. Investigações sobre tais crimes revelaram que o clero ofensor era frequentemente transferido para outras paróquias, enquanto os bispos varriam os crimes para debaixo do tapete para evitar danos à reputação da Igreja.