Há muito tempo que os tubarões são considerados um dos principais "inimigos" dos marinheiros, turistas ou de outras pessoas que, por alguma razão, decidem mergulhar nas águas dos mares e oceanos. Cada ano, as autoridades dos países costeiros registram cerca de 100 ataques de tubarões contra pessoas, dos quais cerca de 10% têm um desfecho mortal.
"Após a 'invasão' de tubarões na Carolina do Norte em 2015, me interessei em saber quantos ataques ocorreram em diferentes partes do mundo. Levamos em conta em nossa análise não apenas o número de ataques desses predadores, mas também a densidade populacional para calcular o número exato desses incidentes" disse Stephen Midway, especialista da Universidade de Louisiana em Baton Rouge (EUA).
Os oceanógrafos acreditam que esses confrontos inesperados entre tubarões e pessoas costumam estar associados ao aquecimento global e a eventos climáticos extremos, que forçam os peixes a procurar novas fontes de alimento ou a fugir do sobreaquecimento para águas mais frias nas zonas temperadas.
Midway e seus colegas decidiram descobrir como as tendências globais mudaram a frequência dos ataques de tubarões ao longo do último meio século, analisando as estatísticas coletadas por serviços médicos e sociais de 14 países onde os tubarões no passado atacaram pessoas mais frequentemente.
Globalmente, a frequência de ataques de tubarão aumentou significativamente nos últimos 50 anos, mas esse crescimento tem sido extremamente instável e desigual. Além disso, os cientistas registraram sérias diferenças no que se refere à frequência dos ataques e ao número total destes incidentes em diferentes países costeiros.
Além disso, os cientistas descobriram que a proporção de mortes em resultado desses ataques era maior naqueles países onde os tubarões apareciam raramente. Os oceanógrafos americanos sugerem que isso se deve ao fato de os moradores e turistas locais não conhecerem os hábitos desses peixes e não saberem como se defender deles. Midway e seus colegas esperam que os dados coletados e seus modelos ajudem as autoridades das regiões turísticas a entender melhor esta ameaça e a tomar as medidas apropriadas.