O presidente israelense, Reuven Rivlin, rebateu as recentes declarações do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu argumentando que os árabes-israelenses não eram "eleitores de segunda classe" e que "não há cidadãos de primeira classe" no país.
"Somos todos iguais na urna eleitoral. Judeus e árabes, cidadãos do Estado de Israel. 120 membros do Knesset [Parlamento de Israel] não podem mudar seu caráter como um Estado judeu", disse ele em um comunicado citado pelo The Times of Israel, em uma cerimônia marcando o 40º aniversário da assinatura do acordo de paz Israel-Egito. O presidente posteriormente tweetou a mesma frase, dessa vez em árabe.
Ele prosseguiu dizendo que "aqueles que acreditam que o Estado de Israel deve ser judeu e democrático no sentido pleno da palavra devem lembrar que o Estado de Israel tem completa igualdade de direitos para todos os seus cidadãos".
لا أومن أنّ هناك أحزابا قد تخلّت عن كون دولة إسرائيل دولة يهوديّة وديمقراطيّة، ديمقراطيّة ويهوديّة قولا واحدا.
— Reuven Rivlin (@PresidentRuvi) 11 de março de 2019
من يؤمن بيهوديّة الدولة وديموقراطيتها بكامل معانيها، عليه أن يتذكّر أنّه في دولة إسرائيل هناك مساواة مُطلقة في الحقوق لكلّ مواطنيها.
O presidente disse acreditar que a campanha eleitoral — em andamento no país desde a dissolução do Knesset — tem virado as prioridades políticas “de cabeça para baixo”, denunciando as “observações totalmente inaceitáveis sobre os cidadãos árabes de Israel” feitas por alguns políticos, em uma aparente repreensão da postura de Netanyahu.
Rivlin é correligionário de Netanyahu no Likud, o partido governista de direita no país. Embora se oponha à criação de um Estado palestino assim como o colega premiê, o presidente mantém relacionamento tenso com Netanyahu há anos.
Em Israel, o presidente é eleito para um mandato de sete anos pelo Parlamento (Knesset) em votação secreta. O cargo carrega uma série de funções essenciais, como a concessão de autorização para que o chefe de governo possa formar o gabinete. Escolhido para o posto em 2014, Rivlin deve permanecer no cargo até 2021.
Reação entre personalidades
Conhecida pelo papel de Mulher-Maravilha, a atriz israelense Gal Gadot usou o Instagram para discordar de forma objetiva do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, para quem Israel não é "um Estado de todos os seus cidadãos". Gadot escreveu em comentários na rede social: “Ame o seu próximo como a si mesmo”.
"Isso não é uma questão de direita ou esquerda, judeu ou árabe, secular ou religioso. É uma questão de diálogo, de discutir paz e igualdade e nossa tolerância para com o outro. A responsabilidade de semear esperança e luz para um futuro melhor para nossos filhos é nossa", concluiu a atriz, que raramente se manifesta sobre política.
A retórica de Gadot também foi repetida pela famosa atriz israelense Maya Dagan, que escreveu na seção de comentários: “Ela não é corajosa. Ela é normal. Ela é sensata. Ela é uma cidadã do Estado que se importa. Que ama o nosso país. Apenas como eu. Assim como todas as pessoas que moram aqui. Esse medo de não poder expressar sua opinião é ilógico. Eu me junto a você e reafirmo o que você disse".