"O mais interessante são os esforços que os participantes desses festivais tiveram que fazer para transportar os porcos para Stonehenge. Em princípio, nada os impedia de comprar a carne local, ao invés de transportar ao longo de centenas e milhares de quilômetros animais pouco adaptados a tais viagens. Isso indica a existência de algumas regras exigidas aos participantes de levarem seus próprios porcos", comentou Richard Madgwick da Universidade de Cardiff, Reino Unido.
Stonehenge é uma construção megalítica construída no condado britânico de Wiltshire, a cerca de 2600 a.C., considerada um dos mais famosos e misteriosos monumentos arqueológicos do mundo.
Essa descoberta fez os cientistas pensar que Stonehenge poderia ter sido inicialmente construído no oeste do País de Gales e depois transportado pelos proprietários, que teriam terminado a construção da sua parte externa com pedras de arenito local. A teoria foi confirmada no ano passado depois da análise química dos ossos de supostos construtores do monumento.
Além das ossadas de construtores, os arqueólogos encontraram restos de centenas de porcos supostamente abatidos e consumidos durante as festas religiosas e culturais ocorridas em Stonehenge.
A análise de isótopos dos dentes e tecido ósseo de pessoas e animais permitiu determinar onde eles nasceram e moravam. A investigação mostrou que os porcos vieram de todas as partes do Reino Unido, inclusive da Escócia e de outras regiões do norte do país, afastadas milhares de quilômetros de Wiltshire.
A diversidade de origem é caraterística também de outro monumento neolítico localizado a dezenas de quilômetros de Stonehenge. Os cientistas afirmam que tais construções desempenharam um papel importante na vida de todos os moradores do Reino Unido, que as conheciam e honraram mesmo morando a milhares de quilômetros.
Os arqueólogos e historiadores ainda têm que esclarecer como os britânicos conseguiam transportar porcos vivos a distâncias tão grandes.