Os jornalistas do Financial Times encontraram na economia dos EUA vestígios da chamada "doença holandesa" — um fenômeno econômico que se refere à relação entre o aumento da exportação de recursos naturais e a queda do setor industrial, o que afeta o desenvolvimento econômico e pode levar mesmo à desindustrialização.
O termo "doença holandesa" surgiu na década de 1960 após a descoberta de uma das maiores jazidas de gás na Holanda. Em meio ao aumento dos preços do gás, a Holanda conseguiu aumentar significativamente as receitas da exportação de gás, o que levou à sobrevalorização da moeda holandesa.
Hoje em dia, são os países em desenvolvimento cuja economia se baseia nas exportações de recursos naturais que geralmente enfrentam esse problema. Entretanto, sublinha o colunista da Sputnik, Ivan Danilov, os EUA também enfrentam esse problema, mas de uma forma mais incomum. Segundo o Financial Times, o dólar americano se tornou a causa da "doença holandesa na economia dos EUA".
"De mesma forma que os holandeses descobriram gás natural, os EUA descobriram os dólares. Eles encontraram um jorro de dólares […] De fato, em cerca de 1980 eles descobriram que os EUA são uma Arábia Saudita com dólares em vez do petróleo", revelou a edição. O jornal The New York times também declarou que "os dólares são o produto-chave de exportação dos EUA".
A "doença holandesa" já causa danos na economia americana: os EUA estão se tornando "um país-impressora" que em vez de produzir bens imprime dinheiro. Por exemplo, o setor da defesa dos EUA depende de peças chinesas e de outros países, o que representa um risco para a segurança do país.
Mais de 300 elementos-chave necessários para o funcionamento das Forças Armadas e da indústria de defesa dos EUA estão ameaçados: os produtores americanos ou estão à beira da falência ou já foram substituídos por fornecedores chineses ou de outros países devido à desindustrialização da economia nacional e à transferência da produção ao Sudeste Asiático, opinou Andy Home.
"Se a economia dos EUA continuar dependendo da 'exportação de dólares', os esforços conjuntos da China, UE, Rússia, Irã, Venezuela e outros países que planejam uma desdolarização gradual do comércio global levarão a economia da hegemonia global até uma crise gravíssima", concluiu Danilov.