Segundo alguns especialistas, em particular, Anton Pokatovich da empresa financeira BKS Premier, Moscou e Caracas poderiam estabelecer uma cooperação baseada nos acordos de permuta (quando uma das partes dá algo em troca de alguma coisa, sem uso do dinheiro) na área do petróleo, tendo em conta as sanções dos EUA.
"Com a exportação do petróleo, em grande parte o modelo social de administração do Estado que existe agora se mantém", argumentou ele à Sputnik Mundo.
"A utilização do dinheiro é um mecanismo mais transparente do que a troca direta, que normalmente não corresponde inteiramente ao preço do petróleo na bolsa", acrescentou.
Pikin lembrou que Caracas está considerando várias opções, incluindo uma exótica, a de usar criptomoeda para os pagamentos por petróleo.
"Existe também a possibilidade de usar outras moedas, como yuanes, rublos, rupias ou euros […] Com este dinheiro a Venezuela poderia comprar o volume de mercadorias necessárias para a economia. Isso pode ser feito tanto na Rússia, como na Índia ou China. É possível comprar alimentos sem usar o dólar em qualquer lugar do mundo", sublinhou ele.
Entretanto, o analista revelou que a questão mais importante “não é o modelo que os venezuelanos usam para a venda do petróleo, mas se podem manter a extração” deste combustível.
Anteriormente, o governo de Nicolás Maduro acusou os EUA de anunciarem e comandarem uma guerra contra o setor elétrico da Venezuela. As redes elétricas venezuelanas colapsaram no dia 7 de março após um acidente em Guri, hidroelétrica responsável pela produção de 80% da energia da Venezuela, como consequência de um ataque cibernético ao sistema de controle da usina.
No final de janeiro, as autoridades norte-americanas impuseram sanções contra a PDVSA, bloqueando sete bilhões de dólares da empresa e impedindo o acesso de Caracas à conta onde o dinheiro dessa empresa, proveniente da venda de petróleo, está depositado.
Como condição para a anulação das sanções, as autoridades dos EUA exigem a entrega de poder a Juan Guaidó, que se declarou presidente interino do país. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou o fechamento da filial da PDVSA em Lisboa e a sua transferência para Moscou.