Em nota enviada à Sputnik Brasil, a Marinha do Brasil ressaltou que a aquisição possibilitará o incremento das atividades realizadas na Antártica.
“A aquisição do NApAnt, em substituição do NApOc Ary Rongel, possibilitará a continuidade e o incremento das atividades de apoio logístico realizadas pela Marinha do Brasil na Antártica, proporcionando um meio moderno, de maior capacidade e de elevada confiabilidade para a consecução dos objetivos do Brasil no Continente Antártico”, explica.
O futuro Navio de Apoio Antártico ainda ampliará o alcance das atividades na região, sobretudo na parte logística e "pode ampliar sobremaneira o alcance do Programa no Oceano Austral, permitindo alcançar latitudes mais ao sul do limite atual, levando nossas Operações a regiões situadas bem mais ao Sul do paralelo 60ºS e abrangendo uma área total maior do que a atualmente coberta", destaca a nota.
Segundo a Armada, a nova embarcação também reduzirá o tempo de reabastecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz, que deverá ficar pronta no final deste mês, após se destruída por um incêndio há sete anos.
“(…) será possível a redução do tempo necessário para o reabastecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz, uma vez que as capacidades do navio proposto incluem guindastes modernos e de maior capacidade de carga e manobra, sistema de navegação e de controle modernos que permitirão maior aproximação com segurança do navio com a praia de desembarque de material e de pessoal”, diz a nota.
A Marinha do Brasil informou ainda que a embarcação faz parte do Programa de Obtenção de Meios Hidroceanográficos (PROHIDRO) da Armada e vai substituir o Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) Ary Rongel, construído em 1981.
Atualmente, a Marinha do Brasil conta com duas embarcações para apoiar logisticamente o PROANTAR: o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel e o Navio-Polar (NPo) Almirante Maximiano.
Segundo a Armada, o Navio de Apoio Antártico e seus equipamentos visam “apoiar logisticamente o PROANTAR e contribuir para a segurança da navegação na região Antártica, por meio da realização de levantamentos hidrográficos”.
A expectativa é que a construção do navio aconteça no Brasil, mas, segundo a Marinha, “ainda não é possível determinar se a obtenção será por construção no Brasil ou no exterior”.
Entre os parâmetros listados pela Armada, em nota à Sputnik, como requisitos para a obtenção da nova embarcação estão:
— As capacidades e requisitos de alto nível dos sistemas, tais como: autonomia; velocidade; raio de ação; capacidades de manobra e carga; sensores de navegação; sistema de propulsão e de geração de energia; capacidade de operações aéreas; sistemas de apoio à pesquisa; dentre outros;
— Os parâmetros do projeto de engenharia, tais como: certificação por Sociedade Classificadora da IACS; diâmetro tático; faixa de temperatura de operação; tecnologia embarcada; capacidade e condições de habitabilidade; capacidade de armazenamento; sistema de controle de avarias; dentre outros;
— Gerenciamento do ciclo de vida do navio, onde são definidos os período mínimo de operação, períodos de manutenção durante seu ciclo de vida, índice de disponibilidade, dentre outros.
O mecanismo quebra-gelo
Segundo a Marinha do Brasil, o NApAnt deverá possuir capacidade para operar no verão/outono, em condições de gelo médio de 1º ano, podendo encontrar intrusões de gelo antigo. Isso permitirá a extensão do período dos cientistas do PROANTAR na região.
Os Navios de Apoio Antártico possuem um casco reforçado, com formato específico para abrir caminho pelos campos de gelo. A embarcação utiliza o próprio peso do navio para quebrar as placas de gelo e, por vezes, o turbilhonamento provocado por seus propulsores.
Os requisitos definem não somente a possibilidade ou não do trânsito do navio sobre gelo solidificado, mas também a capacidade dos sistemas e equipamentos instalados em suportar e permanecer operando em condições de temperatura extremas.