Ao afirmar que novos projetos hidrelétricos poderiam ser implementados na Amazônia, o ministro destacou que a decisão sobre eventuais novos empreendimentos dependerá de uma avaliação técnica do Ibama.
"Esse é o procedimento padrão que existe. O Ibama é responsável por avaliar os impactos ambientais, no último caso eles avaliaram a hidrelétrica de Tapajós e não concederam a licença. Segundo o relatório que o Ibama emitiu, havia um problema com terras indígenas, com povos indígenas que ocupam determinadas áreas, que poderiam ser inundadas, e os estudos de fauna e outros impactos estavam fracos, e aí o Ibama rejeitou", explicou.
"Qualquer hidrelétrica vai ter algum tipo de impacto direto de inundação em determinado território. Aí depende do que tem naquele território. Vão ter casos de biodiversidade específicos daquela região, a questão das terras indígenas, que é um tema importante", acrescentou.
Já o engenheiro, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-diretor da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), José Antônio Feijó, em entrevista à Sputink Brasil, disse concordar com a ideia de que o Brasil tem necessidade de construir usinas hidrelétricas.
"A região amazônica é uma reserva de energia hidroelétrica muito importante para o Brasil, que infelizmente não vem sendo aproveitada convenientemente. É claro que todo o trabalho que venha a ser feito neste sentido deverá respeitar absolutamente as condições do meio ambiente, da preservação, e inclusive da questão dos índios, dos terrenos indígenas, tudo deverá ter o máximo de cuidado possível. Mas eu tenho plena consciência de que, mesmo assim, é conveniente e necessário para o Brasil", afirmou Feijó.
De acordo com ele, é possível criar uma linha hidrelétrica atendendo a todas as demandas para que não haja prejuízo para ninguém, mas destacou que há um impasse que gera ressalva para o projeto.
"Há mais de 5 ou 6 anos que esta parada esta obra, e, portanto, o estado de Roraima acabou ficando dependente seja da Venezuela, que já tem as suas dificuldades próprias, seja de usinas térmicas, produzindo mais inconveniência para o meio ambiente, seja a poluição resultante da queima dos derivados de petróleo", argumentou.
Já o engenheiro florestal, Paulo Barreto, citou casos de desmatamento indireto que são provocados por uma migração para terras públicas que não estão bem protegidas, gerando ampliação de estradas, oportunidades para ganhar dinheiro com grilagem de terra, extração de madeira, etc.
"O que os estudos mostram é que tem o que a gente chama de impacto indireto. Quando vai fazer um grande projeto desses, ele atrai uma imigração. Tem a imigração específica que é a da obra, que depois sai, mas acaba atraindo um outro tipo de imigração que em muitos casos e tem uma aceleração do desmatamento no entorno destes projetos", afirmou o engenheiro florestal.