O que está por trás do desejo de Trump de enviar americanos à Lua?

© REUTERS / NASAO astronauta americano (imagem referencial)
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O pedido do presidente americano Donald Trump para se enviar pessoas à Lua nos próximos 5 anos está ligado ao desejo de embelezar o seu possível segundo mandato com um evento histórico, afirma o especialista da Academia Russa de Cosmonáutica Tsiolkovskiy, Andrei Ionin.

Na véspera, em uma reunião do Conselho Nacional do Espaço, o vice-presidente americano Mike Pence anunciou que o presidente Trump deu indicação para se efetuar o desembarque de astronautas americanos na Lua em 2024.

"Isto é semelhante à situação de John F. Kennedy em 1961, quando ele estabeleceu a meta de efetuar o pouso na Lua, com a expectativa de que isso acontecesse no final de seu segundo mandato como presidente. Um novo pouso na Lua em 2024, que seria o último ano do possível segundo mandato presidencial de Trump, seria a cereja em cima do bolo presidencial", disse Ionin.

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Segundo o especialista, essa tarefa explica a posição de Trump como político. Ele está tentando provar ser um grande presidente ao nível de Kennedy, mas Ionin não acha que o Congresso aprove os enormes custos, por isso os EUA não poderão pousar na Lua pela segunda vez em tão pouco tempo, tanto por razões políticas como financeiras.

"Naquela época, havia um confronto entre dois sistemas socioeconômicos antagônicos, a corrida era consequência da competição geopolítica entre os dois blocos. O único motivo de Kennedy, depois do lançamento do primeiro satélite da União Soviética e do voo de Gagarin, era mostrar aos ‘vermelhos' quem manda e provar que os EUA são o líder tecnológico mundial", lembrou Ionin.

O especialista adiciona que Trump não será capaz de obter o apoio nacional para o projeto com um simples pouso na Lua. Além disso, de acordo com ele, para a realização do programa lunar da NASA não serão suficientes os US$ 21 bilhões destinados à organização para 2020.

"Isto é apenas 0,1% do PIB dos EUA, enquanto na presidência de Kennedy foram alocados 2%, segundo várias estimativas. O orçamento da NASA precisa de ser aumentado em várias vezes", disse Ionin.

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Ionin também acredita que o objetivo de pousar na Lua é contrário ao conceito de criar a estação orbital lunar Gateway promovido pela NASA. "Este é um programa completamente diferente. Devem explicar: ou um desembarque na Lua ou uma estação orbital lunar", explica ele.

Por sua vez, o responsável científico do Instituto da Politica Espacial, Ivan Moiseev, disse que a criação da estação Gateway poderia ser o primeiro passo para o desembarque dos americanos na Lua.

"Nos últimos conceitos de Gateway há a mudança de uma estação orbital para um posto de transbordo para desembarque na Lua. Sim, isso será mais caro que apenas pousar na Lua, levará mais tempo e exigirá mais dinheiro, mas no futuro esse posto avançado poupará dinheiro em missões regulares à Lua", disse Moiseev.

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Ao mesmo tempo, ele, tal como Ionin, não acredita que os EUA possam viajar à Lua em 2024. "O ritmo de trabalho que eles têm demonstrado antes não dão motivos para se acreditar nesses prazos", disse Moiseev. Segundo ele, tais projetos são retardados pelas altas exigências de segurança dos equipamentos espaciais.

Entretanto, de acordo com Moiseev, os EUA podem realmente ir à Lua até o final dos anos 2020 se seguirem uma política consistente. Ele lembrou que George W. Bush anunciou na sua época o projeto Constellation para criar uma nova geração de naves espaciais para tripulados, mas Barack Obama cancelou-o, redirecionando a NASA para pousar em um asteroide. "Quando Trump assumiu o controle dos EUA, ele se lembrou da Lua e exigiu um movimento rápido nessa direção", afirma Moiseev.

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