"Se a ideia é manter Maduro no poder por mais tempo, significa que haverá mais pessoas famintas e fugindo do país, mais tragédia humana na Venezuela", afirmou o chanceler brasileiro por telefone à Reuters, adicionando que "tudo que contribui para a continuação do sofrimento do povo venezuelano deve ser removido".
"Os Estados Unidos iniciaram, e o Brasil está simplesmente 'indo de carona'. Nos últimos tempos, o Brasil vem cada vez mais dando atenção às recomendações de Washington, ao invés de realizar uma política externa independente. Não há nada de novo, e teve tempo em que a América Latina era considerada 'quintal' dos EUA."
Para Klepatsky, o pedido do Brasil pode ser interpretado erroneamente como um desejo de a América Latina ser somente de latino-americanos, com governos de fora sem poder participar do que está acontecendo na região, quando, na verdade, não passa de "tributo à atual política dos EUA". O serviço russo da Rádio Sputnik também falou com o cientista político e jornalista Yuri Svetov.
De acordo com Svetov, durante anos, o Brasil foi governado por políticos da esquerda com uma política externa um tanto antiamericana, vindo a ser presidido agora por Jair Bolsonaro, que mostra uma tendência diferente da adotada por outros chefes de Estado. O cientista político lamentou o passo do Brasil ao pedir a saída das tropas russas da Venezuela, visto que as duas nações, Brasil e Rússia, fazem parte do BRICS e são parceiras econômicas.
Em 21 de janeiro, a Venezuela começou a ser atingida por protestos em massa contra o presidente Nicolás Maduro, logo após a tomada de posse. Juan Guaidó se declarou ilegalmente presidente interino do país. Vários países ocidentais, liderados pelos EUA, anunciaram o reconhecimento de Guaidó. Rússia, China e vários outros países apoiam Maduro como presidente legítimo.