China poderia reforçar sua presença na América Latina após abandono da região por EUA?

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Os EUA suspenderam a assistência financeira a três países latino-americanos: Guatemala, Honduras e El Salvador.

Além disso, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a fronteira comercial com o México, por onde as mercadorias mexicanas entram nos EUA, pode ser fechada. Com isso, a China poderia se aproveitar da situação para reforçar sua presença na região.

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A China cooperava com os países latino-americanos ainda antes de o presidente norte-americano chegar ao poder. Entretanto, o interesse chinês na região cresceu nos últimos anos, principalmente depois que diversos parceiros diplomáticos deixaram de reconhecer Taiwan, apoiando Pequim, explica o vice-diretor do Instituto de países da Ásia e África da Universidade Estatal de Moscou, Andrei Karneev, à Sputnik Mundo.

Nas atuais condições, a China pode obter novas oportunidades na América Latina. Além disso, é possível notar a visível inconsistência da política norte-americana, ou seja, os EUA estão presenteando seu principal rival geopolítico com uma região que sempre esteve na esfera de interesses dos EUA, afirmou Karneev.

Para o diretor do Instituto da América Latina da Universidade de Anhui (China), Fa Hesheng, a China não tem motivos para ocupar o vazio deixado pelos EUA na região, contudo, reconhece que seu espaço está crescendo na América Latina.

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Além disso, Fa Hesheng explica que o "isolamento" demonstrado pelos EUA tem um caráter político e que tanto os democratas quanto os republicanos são contra esse isolamento, inclusive, relativamente à fronteira com o México.

"Por isso, essa tendência de isolamento pode ser de caráter temporário e, provavelmente, não é parte de uma estratégia a longo prazo", ressalta Fa Hesheng.

Washington certamente "será contra a presença da Rússia e da China" na região, já que as relações entre os EUA e América Latina são muito estreitas, ou seja, os norte-americanos não reduzirão os investimentos estratégicos nos países latino-americanos.

"Os EUA não estão prontos para reduzir [o investimento] estratégico, como demonstra o que está ocorrendo na Venezuela. Por que os EUA apoiam Guaidó? Se os EUA tivessem abdicado de continuar a influenciar estrategicamente, não haveria necessidade alguma [de apoiá-lo]", aponta Hesheng.

Ele também acredita que os investimentos chineses nos países latino-americanos são muito valiosos, inclusive para países grandes como o Brasil e a Argentina, já que o crescimento econômico dos países em desenvolvimento, ao não ter muito poder de compra, é medido pelo nível de investimento.

"A presença da China na América Latina, sobretudo com a aparição da iniciativa ‘Um Cinturão, Uma Rota' pode aumentar a integração [da China] na América Latina […]", observa Hesheng, concluindo que a presença da China permitirá que a região prospere e evolua.

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