Declarar Guarda Revolucionária como terrorista permite que EUA iniciem guerra contra Irã?

© AFP 2023 / STRINGER Membros do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) marcham durante desfile militar anual, em Teerã, Irã, 22 de setembro de 2018
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Incluir o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), também conhecido como Guarda Revolucionária iraniana, na lista de organizações terroristas daria à administração Trump cobertura legal para lançar uma guerra contra Teerã, consideram analistas.

O governo americano informou recentemente que iria designar o IRGC como uma organização terrorista estrangeira, afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump, em comunicado à imprensa.

Segundo a declaração, essa é a primeira vez que Washington considera um órgão oficial estrangeiro de terrorista.

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Em resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Autorização de Guerra contra o Terrorismo.

A administração Trump parece acreditar que, ao rotular qualquer nação ou suas agências como organização terrorista, pode usufruir da legislação de autorização [de operações militares], diz à Sputnik, Muhammad Salimi, professor da Universidade do Sul da Califórnia.

"Ao catalogar o IRGC como uma organização terrorista, eles esperam poder usar a autorização de 2002 para uma 'guerra contra o terrorismo', para justificar qualquer guerra que possam travar, alegando que já existe autorização prévia para a guerra com o Irã e, portanto, não precisam de nova autorização", enunciou Salimi, na segunda-feira (8).

Os americanos recorreram a essa tática porque sabiam que tanto a maioria democrata na Câmara dos Deputados quanto os altos funcionários do Departamento de Defesa se opunham ao lançamento de uma nova campanha contra Teerã, observa o professor.

"John Bolton e Mike Pompeo estão levando os EUA à guerra com o Irã. Eles sabem que o Congresso e o Pentágono se opõem a isso", destacou.

Na segunda-feira, como resposta às ações americanas, o Supremo Conselho de Segurança Nacional do Irã classificou o Comando Central dos EUA (CENCTOM) de terrorista, acusando os EUA de "Estado patrocinador do terrorismo".

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O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em uma entrevista coletiva na segunda-feira, disse que as novas designações anunciadas irão complicar a cooperação entre as empresas da UE e Irã.

"Esta designação pode servir como uma desculpa para tentar impor mais sanções ao Irã ou para pressionar outras nações a introduzi-las […] Os EUA vão usar esta designação como tema de discussão para tentar convencê-los a seguir o exemplo", declarou o historiador e especialista em assuntos iranianos William Beeman, professor da Universidade de Maryland.

"Todo o mundo entende que isso é um estratagema. Os iraquianos disseram explicitamente aos EUA que continuariam a sua relação com o Irã. A China, Índia, Rússia e muitos outros países vão continuar a negociar com o Irã", ressaltou Beeman, adicionando que apenas Israel e Arábia Saudita estão dispostos a concordar com a nova denominação.

Para o historiador, o líder americano fez uma falsa acusação ao tentar culpar o IRGC pelas baixas sofridas pelos EUA no Iraque durante a segunda administração Bush, após a ocupação dos EUA em 2003, usando-as como "desculpa".

Beeman acredita que o passo de Trump contra o Irã seja uma estratégia para ajudar o aliado  Benjamin Netanyahu, premiê israelense, a ganhar a reeleição.

As opiniões expressas neste artigo não estão necessariamente de acordo com as da Sputnik

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