O governo americano informou recentemente que iria designar o IRGC como uma organização terrorista estrangeira, afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump, em comunicado à imprensa.
Segundo a declaração, essa é a primeira vez que Washington considera um órgão oficial estrangeiro de terrorista.
A administração Trump parece acreditar que, ao rotular qualquer nação ou suas agências como organização terrorista, pode usufruir da legislação de autorização [de operações militares], diz à Sputnik, Muhammad Salimi, professor da Universidade do Sul da Califórnia.
"Ao catalogar o IRGC como uma organização terrorista, eles esperam poder usar a autorização de 2002 para uma 'guerra contra o terrorismo', para justificar qualquer guerra que possam travar, alegando que já existe autorização prévia para a guerra com o Irã e, portanto, não precisam de nova autorização", enunciou Salimi, na segunda-feira (8).
Os americanos recorreram a essa tática porque sabiam que tanto a maioria democrata na Câmara dos Deputados quanto os altos funcionários do Departamento de Defesa se opunham ao lançamento de uma nova campanha contra Teerã, observa o professor.
"John Bolton e Mike Pompeo estão levando os EUA à guerra com o Irã. Eles sabem que o Congresso e o Pentágono se opõem a isso", destacou.
Na segunda-feira, como resposta às ações americanas, o Supremo Conselho de Segurança Nacional do Irã classificou o Comando Central dos EUA (CENCTOM) de terrorista, acusando os EUA de "Estado patrocinador do terrorismo".
"Esta designação pode servir como uma desculpa para tentar impor mais sanções ao Irã ou para pressionar outras nações a introduzi-las […] Os EUA vão usar esta designação como tema de discussão para tentar convencê-los a seguir o exemplo", declarou o historiador e especialista em assuntos iranianos William Beeman, professor da Universidade de Maryland.
"Todo o mundo entende que isso é um estratagema. Os iraquianos disseram explicitamente aos EUA que continuariam a sua relação com o Irã. A China, Índia, Rússia e muitos outros países vão continuar a negociar com o Irã", ressaltou Beeman, adicionando que apenas Israel e Arábia Saudita estão dispostos a concordar com a nova denominação.
Para o historiador, o líder americano fez uma falsa acusação ao tentar culpar o IRGC pelas baixas sofridas pelos EUA no Iraque durante a segunda administração Bush, após a ocupação dos EUA em 2003, usando-as como "desculpa".
Beeman acredita que o passo de Trump contra o Irã seja uma estratégia para ajudar o aliado Benjamin Netanyahu, premiê israelense, a ganhar a reeleição.
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