Em um artigo publicado no diário francês Le Monde, 13 signatários disseram que desde a eleição de Bolsonaro "estamos experimentando os primeiros estágios de um apocalipse, dos quais os povos indígenas são as primeiras vítimas".
Eles alertaram, em particular, sobre as promessas de Bolsonaro de permitir mais agricultura e exploração madeireira na Amazônia, e facilitar as salvaguardas e conceder mais licenças para a enorme indústria de mineração do Brasil, e construir mais barragens.
O líder populista também prometeu "integrar" os cerca de 800 mil habitantes nativos do Brasil, em parte com novas estradas e linhas ferroviárias através da Amazônia e limpando mais áreas para a agricultura.
Bolsonaro já despojou a agência de assuntos indígenas da Funai do poder de definir a terra nativa, dando esse poder ao Ministério da Agricultura.
Os críticos dizem que, juntos, suas políticas constituiriam uma tomada de terras e uma drástica redução dos direitos conquistados com dificuldade pelas tribos nativas.
"Embora a Amazônia seja vital para a humanidade e os povos indígenas sejam seus principais defensores, ele está tentando nos separar de nossos apoiadores internacionais, ameaçando expulsar as organizações aliadas sob o pretexto de que elas interferem na soberania do país", afirmou a Aliança dos Povos Indígenas.
Existem 426 territórios demarcados no Brasil, estabelecidos na década de 1980 para uso exclusivo de seus habitantes indígenas, e o acesso de forasteiros é estritamente regulado.
"Somos categoricamente contra qualquer desmatamento, plantações de soja ou criação de gado em terras indígenas", informou a aliança.
No mesmo artigo, os grupos pediram à União Europeia (UE) que pressione Bolsonaro, recusando-se a importar os produtos agrícolas brasileiros, a menos que seja garantido que eles não vieram de terras nativas ou violaram os direitos dos povos indígenas.