Em abril, a decisão de sair do bloco foi tomada pela Argentina, Equador e Colômbia, enquanto o Paraguai, Chile e Peru suspenderam a participação na aliança.
Com o recente anúncio do Itamaraty de abandonar o bloco, o professor de Relações Internacionais da PUC-SP e da FAAP, David Magalhães, em entrevista à Sputnik Brasil, disse considerar que a saída do Brasil da Unasul pode ser entendida como uma "virada de página" de um período de cunho esquerdista na região por parte dos governos liberais que assumiram o poder em diversos países do continente.
O especialista explica que a Unasul foi concebida num momento havia uma coalizão de governos centro-esquerda no América do Sul, alinhando esses governos nesse período.
"No entanto, ao contrário do que o Bolsonaro disse nas redes sociais, a Unasul não é um projeto venezuelano. A Venezuela tinha o seu projeto que era a Alba, um projeto bolivariano e socialista mesmo. Tinha um outro projeto que era fundamentalmente liberal e americano, que era a Alca. E a partir de 2008, o Brasil apresentou um projeto de integração que tentaria se encontrar como um ponto médio entre os dois, mas tendendo mais a uma visão de política internacional desses governos de esquerda, que foi a Unasul", explica.
De acordo com ele, na medida em que os governos de esquerda foram caindo um a um na região, e houve uma ascenção de cunho liberal em vários países do continente, a Unasul foi observada por esses governos liberais como um projeto de um passado esquerdista da região.
"Então seria uma forma virar essa página e, como diz a expressão do momento, começar uma 'nova era' na América do Sul", completa David Magalhães.
O professor de Relações Internacionais destacou também que a Unasul não tem força para se manter com os membros consitutivos que se mantiveram na organização.