No âmbito da visita da delegação angolana à Rússia, realizada no início de abril, o ministro da Defesa de Angola, Salviano de Jesus Sequeira, disse que "a cooperação no campo militar com a Rússia vai continuar para sempre", bem como que Angola recebeu seis caças russos Su-30 e espera a entrega de mais dois aviões no fim de maio.
Vladimir Tararov, embaixador da Federação da Rússia na República de Angola, comentou à Sputnik Brasil os últimos avanços na cooperação militar entre Moscou e Luanda e as futuras perspectivas dessa cooperação mutuamente vantajosa.
O diplomata sublinhou que as autoridades angolanas declaram retiradamente que marcam um rumo para formar suas Forças Armadas seguindo o modelo das Forças Armadas da Rússia, é evidente que toda a estrutura vai demandar o material bélico correspondente.
"Sem dúvidas, a Rússia tem em Angola seus consultores militares, que trabalham no Estado-Maior, no Ministério da Defesa e até mesmo um consultor do Comandante Supremo, que analisam essas necessidades e, após conciliação com a parte angolana, são apresentadas propostas de compra de material bélico", explicou ele.
Atualmente, se trata da compra de aviões russos, que já mostraram suas capacidades.
"Eles são bastante simples, bastantes fiáveis e ao mesmo tempo sua manutenção é mais barata que a dos aparelhos produzidos por outros países."
"Quando falei com especialistas, eles disseram que os países que produzem aparelhos muito sofisticados, saturados com equipamento, podem pedir, digamos, um preço 1,5 vezes menor que a Rússia. Mas quando se levanta a questão de reparações, se verifica que cada parafuso e cada porca custam como se fossem feitos de ouro. Levando em conta os custos de manutenção, esse equipamento militar seria 20-30 vezes mais caro que o russo", disse o embaixador.
Para Tararov, tomando em consideração que Angola decidiu formar suas Forças Armadas segundo o modelo das Forças Armadas russas, é logico que o país esteja interessado na compra do armamento russo.
"Além disso, as Forças Armadas da Rússia comprovaram suas capacidades, por exemplo, na Síria e em outros países aos quais prestamos ajuda a pedido dos seus governos e mostraram sua eficácia. Isso sublinha mais uma vez que elas [Forças Armadas russas] podem servir de exemplo para organização segundo o nosso modelo também em outros países. Isso é muito importante."
"As aeronaves representam parte do material bélico na base do qual podemos desenvolver a nossa futura cooperação e os futuros investimentos. Por exemplo, Angola compra da Rússia não apenas aviões, mas também helicópteros, cerca de 20 helicópteros funcionam apenas em Angola, para além dos que há nos outros países vizinhos. Na última reunião da Comissão Intergovernamental sobre Cooperação Militar, realizada recentemente, Angola manifestou seu interesse na criação de uma espécie de centro regional de reparações para aviação", revelou o embaixador.
Segundo o embaixador, esse seria um passo muito importante, porque se trata da reparação de helicópteros não apenas angolanos, mas também da África do Sul e de outros países da região que receberam helicópteros de produção russa. Depois poderiam ser iniciadas reparações de aviões militares e, gradualmente, de aviões civis.
"Dessa forma, criaríamos uma megaestrutura que a nível regional poderia realizar a manutenção aeronáutica. É impressionante", opina Tararov, acrescentando que isso favoreceria o prestigio não apenas de Angola, mas também da Rússia.
Quanto a outros tipos de equipamento militar, o diplomata diz que a Rússia está considerando a construção de várias unidades industriais militares em Angola sob forma de joint ventures para que a Rússia, na primeira etapa de seu funcionamento, ajude os angolanos a gerir essas instalações e a organizar a produção e vendas.
"A visita do presidente João Lourenço [à Rússia] mostrou mais uma vez o desejo das autoridades angolanas e a confiança plena nessa área e, por parte da Rússia, mostrou o interesse não apenas do Estado em geral, mas também do capital privado para estabelecer uma cooperação mutuamente vantajosa a um novo nível", declarou o embaixador.