"No futuro, bilhões de dólares serão investidos na Venezuela para reconstruir os setores agrícola e industrial", disse Abrams em discurso no Atlantic Council, mas acrescentou que o processo "só pode começar quando houver um governo totalmente inclusivo que represente todos os venezuelanos".
"O que está impedindo o início da reconstrução e reconciliação? Algumas perguntas são difíceis. Essa é fácil. A resposta curta é: Nicolás Maduro", prosseguiu.
Abrams foi além e fez a sua melhor imitação de John Lennon, pedindo a seu público que "imaginasse" uma Venezuela livre e próspera com água limpa, comida suficiente e uma moeda estável.
Painting a picture of Venezuela's future, Abrams says the everyday lives of its citizens could be improved with a stabilized currency, reliable power, clean water, connectivity without censorship, and other developments. #ACVenezuela 5/ pic.twitter.com/ryPKsI4QVH
— Atlantic Council (@AtlanticCouncil) 25 de abril de 2019
Uma coalizão internacional - 50 países pela contagem de Abrams - tem apoiado o líder da oposição, Juan Guaidó, que se declarou presidente interino em janeiro e logo fez propostas à intervenção militar dos EUA no país. Abrams declarou no evento que Guaidó tem uma visão para a Venezuela "onde reina a liberdade".
Abrams pediu uma abordagem em três frentes, lidando com uma transição política, o papel dos militares na governança e girando em torno da economia do país. A remoção de Maduro do poder e melhorias para a economia "não será um projeto fácil ou rápido, mas sim é possível", explicou.
A ajuda humanitária fica nas fronteiras do país "pronta para fluir", acrescentou Abrams, criticando os líderes do partido socialista PSUV por viverem no luxo, enquanto os cidadãos comuns sofrem uma economia fracassada, uma situação que ele chamou de "inaceitável".
Washington no ano passado impôs uma rodada de sanções à Venezuela, cortando o país do sistema financeiro americano e tornando sua situação econômica ainda mais terrível.
Abrams tem uma história de usar remessas de ajuda como cavalos de Tróia para a entrega de armas à oposição. Ele foi o pioneiro da técnica durante a guerra secreta da administração de Ronald Reagan contra os sandinistas na Nicarágua, providenciando armas destinadas aos rebeldes Contra, apoiados pelos EUA, transportados para o país em aviões de "ajuda humanitária" - uma fraude que ele defendeu como "estritamente pelo livro".
As autoridades venezuelanas já acusaram os EUA de tentar infiltrar armas no país depois que um pequeno arsenal foi descoberto a bordo de um avião que aterrissou em Valência e que pertencia a uma companhia de carga americana com supostos elos da CIA, e a Cruz Vermelha já pediu que organizações deixem de usar seu logotipo para evitar o escrutínio das autoridades.
Países não-americanos vêm entregando ajuda humanitária à Venezuela desde que Guaidó se declarou presidente em janeiro - embora a assistência desses países seja pouco mencionada na cobertura jornalística dos EUA - necessária, pelo menos em parte, às sanções americanas que sufocaram quase até a morte a Venezuela nos últimos 20 anos como punição por experimentar o socialismo.