Rumores recentes dão conta que o Ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é um dos que cogita a possibilidade do Brasil se aliar aos Estados Unidos em uma eventual intervenção bélica na Venezuela.
Segundo Rafael Araújo, professor de Relações Internacionais da UERJ, a divisão entre um grupo pró-intervenção e outro mais moderado tem causado estranhamentos no governo.
"Você tem de um lado essa linha que parece mais próxima de Jair Bolsonaro, sua família e o Ernesto Araújo e do outro lado um grupo capitaneado pelo general Augusto Heleno e Hamilton Mourão que, de fato, tem tido em vários momentos dessa crise uma posição mais moderada", disse em entrevista à Sputnik Brasil.
Porém, por mais que exista essa divisão, Araújo comenta que há algo em sintonia no governo Bolsonaro em relação a Venezuela.
"Embora essa divisão tenha um traço de ligação: a oposição a Nicolás Maduro. O Brasil hoje está perfilado ao lado daqueles que tem o tom bastante crítico em relação a Venezuela e são claramente opositores a continuidade de Maduro na presidência venezuelana", afirmou.
O ex-secretário-geral do Itamaraty, Marcos de Azambuja, concorda com o diagnóstico feito por Rafael Araújo.
"O Brasil é contra qualquer intervenção militar na Venezuela, o Brasil quer preservar a qualidade da sua relação com um grande amigo e vizinho, que é a Venezuela, e o Brasil reconhece que o governo venezuelano se afastou das práticas e das normas que definem plenamente um regime democrático", disse à Sputnik Brasil.
Apesar de não reconhecer a legitimidade de Maduro, Azambuja acredita que o Brasil deve buscar a via diplomática para a resolução do impasse na situação da Venezuela.
"O Brasil acredita que a Venezuela tem de ser induzida por via diplomática, por negociação a encontrar uma solução para o impasse político que se perpetua com sofrimento e com dificuldades, uma coisa é isso, outra é rejeitar a ideia de intervenção militar num país vizinho e amigo", completou.