Steve Ellner, editor-chefe da revista Latin American Perspectives, disse à Sputnik Internacional que o golpe de Estado fracassado do dia 30 de abril forçou Guaidó a tomar medidas mais drásticas.
"Três vezes neste ano - em 23 de janeiro, 23 de fevereiro e mais recentemente em 30 de abril - Guaidó assegurou aos seus seguidores que Maduro seria deposto em questão de dias. Como resultado dessas três derrotas, Guaidó perdeu credibilidade entre as fileiras da oposição. Seu apoio à intervenção militar norte-americana deve ser visto nesse contexto", disse Ellner.
Segundo pesquisas de opinião pública, a grande maioria dos venezuelanos se opõe à intervenção militar dos EUA na Venezuela.
Na terça-feira (7), Maduro disse que os Estados Unidos querem intervir para assumir o controle dos recursos petrolíferos do país e de outras riquezas naturais, e convocou a comunidade internacional a condenar os planos de intervenção americana e "deter a loucura de Donald Trump".
A Venezuela possui uma das maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, e Guaidó prometeu deixar as corporações americanas explorarem-na, privatizando a indústria petrolífera.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de Pittsburgh, Michael Brenner, acredita que o único debate entre os formuladores de políticas de Washington relativamente a Caracas é se os EUA devem continuar apoiando um fantoche como Guaidó ou se devem lançar uma invasão militar completa.
"Os EUA estão voltando ao estilo imperialista do século 19, pela coerção.[...] Vejo a resposta como uma mistura de domínio global do neoliberalismo pelas elites plutocráticas e tropas armadas, sendo movimentos neofascistas que os EUA estão modelando", afirmou Brenner.
No dia 30 de abril, Guaidó noticiou em todo o mundo que uma insurreição militar estava em andamento para derrubar o presidente Nicolás Maduro, porém, a ação fracassou.
Os Estados Unidos e 54 outros países reconheceram Guaidó após a sua autoproclamação a presidente interino da Venezuela no dia 23 de janeiro. Rússia, China e vários outros países disseram que reconhecem Maduro, eleito constitucionalmente, como o único presidente legítimo do país latino-americano.
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