O Deutsche Bank começou a enfrentar problemas já há vários anos, quando o banco registrou falta de capital no valor de 12 bilhões de euros (R$ 54 bilhões), revelou a colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya.
"O então diretor executivo do banco, Josef Ackermann, decidiu esconder esse fato, manipulado demonstrações financeiras. Apresentando dados falsos aos acionistas, ele insistia que o banco tem fundos necessários para lidar com quaisquer dificuldades. Uma publicidade agressiva e, em grande medida, o apoio do governo alemão ajudaram o Deutsche Bank a manter a imagem de um banco confiável e seguro", explicou Dembinskaya.
Quando a manipulação foi revelada, o banco foi forçado a pagar uma multa recorde de 2,5 bilhões de dólares, enquanto a agência de classificação de riscos S&P baixou significativamente a sua nota de crédito.
Depois disso, foram reveladas outras manipulações e fraudes, em particular com títulos garantidos por hipotecas que o banco vendeu durante a crise de 2008, bem como acusações de lavagem de dinheiro, fazendo com que as despesas legais e perdas atingissem valores enormes.
Em 2016, o FMI considerou o Deutsche Bank "a maior fonte de riscos entre os bancos globais com importância sistêmica". Numerosas previsões financeiras continuam avisando sobre a falência da maior organização de crédito europeia.
A maior ameaça é o gigantesco portfólio de créditos do banco de 46 trilhões de euros que é 14 vezes maior que a economia alemã.
Um outro problema são os depósitos do banco, no valor de mais de 550 bilhões de euros. Os analistas receiam que, um dia depois de mais uma informação sobre os problemas financeiros do banco, uma grande parte dos depositantes queira reaver seu dinheiro, causando uma crise de liquidez no banco e depois em todo o sistema financeiro da Europa. Levando em conta que o setor bancário alemão desempenha um dos principais papéis na economia global, o Deutsche Bank poderia causar o colapso do sistema financeiro global, tal como o banco americano Lehman Brothers em 2008.
Uma das variantes para salvar a instituição bancária seria a fusão do Deutsche Bank e do Commerzbank. No entanto, os reguladores financeiros alemães consideraram esse negócio desaconselhável porque traria riscos e despesas adicionais para o Commerzbank, o segundo maior banco alemão.
Os problemas do Deutsche Bank continuam aumentando: as receitas caem, enquanto as despesas aumentam; a nota de crédito do banco continua piorando, o valor das multas que o banco deve pagar superou 17 bilhões de dólares. Em 2018, o escândalo Panama Papers sobre os paraísos fiscais offshore também prejudicou a reputação do Deutsche Bank. Além disso, no ano passado o banco perdeu 750 milhões de dólares negociando ações.
"A crise no Deutsche Bank, causada pelos erros e crimes financeiros dos seus diretores pode se tornar um gatilho para uma crise econômica global. De fato, o principal banco alemão é a maior empresa criminosa da Alemanha", declarou o economista americano William Black.
Black apontou que o Deutsche Bank é "grande demais para quebrar" e seriam adotadas todas as medidas possíveis para o salvar.
"Entretanto, isso pode causar mais uma crise econômica. Quando o maior banco não funciona, a terceira maior economia global, possivelmente, também entraria em recessão", avisou ele.