Atualmente, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a China estabelece uma cota de importação anual de 1,95 milhão de toneladas de açúcar com a tarifa de 15%. Volumes extra-cota, até 2017, tinham 50% de tributo. Mas, devido a uma salvaguarda adotada por Pequim, volumes extra-cota passaram a ser alvos de taxas bem maiores, de 95%, com uma progressão decrescente ano a ano até o final do prazo, em 2020.
A fim de reverter esse quadro, o governo brasileiro fez um pedido de consulta junto à OMC, iniciando negociações. Na última terça-feira, 21, o Ministério da Agricultura anunciou que as duas partes chegaram a um entendimento sobre o assunto, que consiste em um compromisso assumido por Pequim de não renovar a política de salvaguarda adotada para a entrada de açúcar estrangeiro na China, a partir de maio do ano que vem.
O entendimento em questão foi considerado uma grande vitória pelos produtores brasileiros, que já esperam retomar, no próximo ano, os volumes de exportação que vigoravam antes da adoção da sobretaxa.
— UNICA (@UNICA_cana) 21 de maio de 2019
"A expectativa é que as exportações para o país possam retornar no próximo ano aos patamares anteriores à salvaguarda. Há também a possibilidade de o Brasil colaborar com o país a ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz energética e, com isso, atender as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e melhorar a qualidade do ar em suas grandes cidades", afirmou o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão, citado pela assessoria da união.
"Eles [chineses] têm políticas de preservação dos produtores locais. Eles têm toda uma filosofia para proteger o produtor", declarou o especialistas, destacando, ao mesmo tempo, a grande dependência da China em relação a importações.
Segundo Sirimarco, independentemente dos imbróglios envolvendo o mercado chinês, as exportações de açúcar do Brasil também diminuíram porque boa parte dos produtores do setor sucroalcooleiro tem se voltado mais para o etanol. Enquanto a demanda pelo combustível aumentou, os preços internacionais do açúcar caíram significativamente no último ano, justificando a decisão.