Quase imediatamente após a introdução das sanções norte-americanas contra a petrolífera estatal venezuelana PDVSA , os gigantes petrolíferos estadunidenses enfrentaram desafios: os fornecimentos de petróleo venezuelano aos EUA caíram três vezes. Embora os EUA tenham bastante petróleo leve, uma série de refinarias estadunidenses, especialmente na costa leste dos EUA e no golfo do México, está orientada para o processamento de petróleo pesado, que era fornecido principalmente pela Venezuela.
Segundo a empresa de investimentos Caracas Capital Markets, na última semana de fevereiro, dois navios-tanque transportaram da Venezuela aos EUA apenas 766 mil barris de petróleo, enquanto na mesma semana as empresas russas enviaram aos EUA nove navios-tanque com mais de três milhões de barris de petróleo e produtos petrolíferos.
Até ao início de abril, o volume das exportações venezuelanas para os EUA caiu 4,5 vezes em comparação com o mesmo período do ano passado, para 139 mil barris por dia. Depois da introdução do embargo dos EUA ao petróleo venezuelano em 28 de abril, os fornecimentos foram completamente interrompidos.
De acordo com a Agência Internacional de Energia, as medidas restritivas levaram a um déficit no mercado estadunidense, que afetou todos os atores-chave da refinação — Citgo Petroleum, Valero Energy e Chevron.
Enquanto nas duas primeiras semanas deste mês os fornecimentos de petróleo venezuelano aos EUA foram reduzidos a zero, as compras de petróleo russo atingiram valores máximos.
De 1 a 13 de maio, 13 navios-tanque transportaram cinco milhões de barris de petróleo da Rússia aos EUA, praticamente o mesmo valor que nos últimos quatro anos. Segundo as previsões dos analistas, o volume mensal dos fornecimentos de petróleo russo aos EUA triplicará até ao fim do ano.
O mesmo problema enfrentaram as refinarias europeias, que habitualmente processam petróleo pesado, ao se tornarem vítimas das sanções dos EUA contra o Irã e Venezuela (devido às quais o mercado perdeu 800 barris de petróleo por dia). Além disso, no âmbito do acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, os países membros reduziram a produção de petróleo pesado, mantendo o volume de fornecimento do petróleo leve (que é mais caro).
Esses fatores levaram à subida do preço de petróleo russo da marca Urals, aumentando em março as receitas das empresas petrolíferas russas em 140 milhões de dólares em comparação com agosto-outubro, antes da introdução das sanções pelos EUA contra o setor petrolífero iraniano e embargo ao petróleo venezuelano.