O caça de quinta geração F-35, fabricado nos EUA, pode ser vítima da guerra comercial entre Washington e Pequim, já que os meios de comunicação chineses especularam sobre uma possível proibição da venda de terras raras, elementos necessários para a produção de armas de ponta e produtos de alta tecnologia, em retaliação às tarifas dos EUA, segundo a Bloomberg.
As autoridades chinesas não anunciaram oficialmente que iriam restringir as vendas de terras raras para os EUA, mas a mídia, por exemplo o People's Daily, aqueceu as tensões ao apontar para a desconfortável dependência de Washington desses elementos provenientes da China, que responde por cerca de 95% da produção global, segundo a Bloomberg.
O editor-chefe do Global Times, Hu Xijin, também acredita que a China pode usar a sua posição como principal fornecedor de terras raras se a guerra comercial aumentar ainda mais: "Com base no que sei, a China está considerando seriamente restringir as exportações de terras raras para os EUA. A China poderá também tomar outras medidas de retaliação no futuro."
À luz desses relatos, o Departamento de Defesa dos EUA apresentou um relatório ao Congresso sobre minerais de terras raras, numa tentativa de mitigar a dependência dos EUA da China. Um relatório do governo dos EUA de 2018, intitulado "Avaliando e Fortalecendo a Base Industrial de Manufatura e Defesa e a Resiliência da Cadeia de Suprimentos dos Estados Unidos", destacou a dependência do Pentágono dos suprimentos chineses.
"As terras raras são elementos críticos utilizados em muitos dos principais sistemas de armamento de que os EUA dependem para a segurança nacional, incluindo lasers, radares, sonares, sistemas de visão noturna, módulos de mísseis, motores a jato e até ligas para veículos blindados", diz o documento.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também emitiu uma ordem executiva que acrescentou a gigante chinesa de telecomunicações Huawei e suas 70 afiliadas a uma lista negra comercial, impedindo assim a empresa de adquirir tecnologia ou componentes de empresas americanas sem o consentimento do governo americano.
Pequim, por sua vez, advertiu que iria impor penalidades sobre produtos americanos no valor de US$ 60 bilhões em retaliação à maior tributação dos EUA (de 10 a 25 por cento) sobre produtos chineses. A China e os EUA estão envolvidos em uma disputa comercial desde que a administração Trump introduziu tarifas de 25 por cento contra bens chineses no valor de até US$ 50 bilhões em junho de 2018, a fim de corrigir o que ela alegou serem "práticas comerciais injustas".