"O que pode acontecer é que nos próximos seis meses exista uma mudança no mecanismo da TEC, que é como uma fortaleza que protege os quatro [países — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai]. Temos a mesma tarifa para um bem que vem de outro país", disse Colombo, chefe de gabinete do Ministério de Relações Exteriores Argentina em 2005 e 2006.
"Então, não ter uma TEC competitiva, conveniente para nós, o que pode acontecer rápido, é que deixar de ser união aduaneira para ser uma zona de livre comércio", acrescentou o diplomata.
A partir desse cenário, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, poderia tentar assinar um acordo de livre comércio (ALC) com os EUA.
"Se Bolsonaro continuar, meu medo é que não seja para amanhã, mas para o próximo ano haverá um acordo de livre comércio bilateral entre os EUA e o Brasil. Eu acho que é o pior fim a este processo porque é o fim de tudo", avaliou Colombo, também ex-subsecretário de Assuntos Latino-Americanos da chancelaria argentina entre 2006 e 2009.
Colombo afirmou que, a partir do momento em que partidos de direita governam "nos dois grandes" países do Mercosul — Argentina e Brasil —, o bloco foi afetado em seu orçamento e seus poderes.
"É uma atitude própria da direita, um pouco suicida a respeito das conveniências nacionais, e um pouco conveniente sobre si mesmos e sua relação com os EUA. É isso que os EUA pedem", pontuou o diplomata, que de 2010 a 2011 foi diretor do secretariado do Mercosul.
Colombo participou nesta sexta-feira no primeiro ciclo de debates "Mercosul e o futuro da integração regional", realizada na sede da agência, em Montevidéu.
O diplomata argentino referiu em seu discurso ao "terrível processo de desintegração" que o bloco está sofrendo. Além dos quatro países fundadores, o Mercosul conta ainda com a Venezuela, que atualmente está suspensa pelos demais países.