Quando se trata de compartilhamento de inteligência entre os EUA e outros países, esse movimento pode ser a ponta do iceberg, disse à Sputnik Internacional o ex-diretor técnico da NSA, Bill Binney.
"Ficarei surpreso se não tivesse acontecendo muito mais", destacou Binney, que se tornou um lendário denunciante de segurança nacional.
Após seis anos desde que o ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, revelou os questionáveis esforços de coleta de informações do governo americano, documentos vazados do cache de Snowden revelam que a unidade ISNU fez repetidos pedidos à NSA de informações sobre a localização de agentes do Hezbollah para colocá-los na mira de assassinato.
"A confiança da ISNU na NSA foi igualmente exigente e centrada em pedidos de tarefas urgentes, avisos de ameaças, incluindo ELINT tático [inteligência eletrônica] e recebimento de informações geolocacionais sobre elementos do Hezbollah", escreve documento vazado por um funcionário não identificado da NSA baseado em Tel Aviv.
O documento foi originalmente publicado em 2006 no boletim informativo interno da agência de segurança.
"No final, um cenário foi decidido pelo ODNI [Diretor da Agência Central de Inteligência] que definiu os parâmetros e métodos do que podia e não podia ser compartilhado com os israelenses [...] A ISNU enfatizou sua profunda gratidão pela cooperação e apoio que receberam da NSA", escreveu o oficial.
Outro dos documentos vazados é uma apresentação interna da NSA que descreve o compartilhamento de informações entre a NSA e a ISNU, revelando "condição e localização do soldado", "dados geolocacionais" e "aumento da tarefa de coleta da NSA". Em outro dos arquivos revelados, a agência de segurança escreveu que os oficiais israelenses estavam passando por uma "ansiedade elevada" durante a guerra e eram fortemente dependentes da inteligência da NSA.
Antes que os dados de inteligência pudessem ser compartilhados com outros países, entidades da NSA eram obrigadas a determinar se os parceiros da agência estavam em conformidade com os critérios necessários para o compartilhamento de dados de inteligência.
Para Binney, as funções dos responsáveis era determinar se a NSA estava comprometendo algo que era muito sensível ou se o parceiro envolvido tinha a capacidade tecnológica para tirar proveito da tecnologia que tinha sido compartilhada. O denunciante também observa que os EUA compartilhariam essas informações de inteligência com Israel para "apoiar um aliado próximo".
"Eles [Israel] também compartilham informações conosco. O nível de compartilhamento feito [...] Esse é realmente o problema. Eles [EUA e Israel] tentam ajudar uns aos outros como todos os parceiros fazem. É como um acordo de partilha entre os países e um esforço de cooperação mútua", acrescentou o ex-diretor técnico da NSA.