Na entrevista conjunta, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, e o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), mandatário do Senado, afirmaram que o diálogo com o governo melhorou, mas que ainda não está clara a agenda para o país.
"O presidente até agora apresentou, do ponto de vista macro, uma só proposta: a da Previdência. O que o Parlamento de fato quer saber é qual é o projeto do governo para o país para os próximos quatro anos. Para que possa se sentir parte e colaborar", declarou Maia.
Já Alcolumbre criticou a postura de pessoas do entorno de Bolsonaro, e por vezes do próprio presidente, de criminalizar a política. O senador relembrou que ex-capitão do Exército foi deputado por 28 anos no Congresso Nacional.
"Preparado ou não preparado, ele foi eleito. Você não precisa ser preparado em vários temas para tocar uma agenda. Precisa se cercar de pessoas que possam te orientar", pontuou o presidente do Senado.
Sobre outras medidas tomadas por Bolsonaro até aqui, como o decreto que flexibilizou o acesso a armas de fogo ou as mudanças no Código Nacional de Trânsito, os dois parlamentares acreditam que o presidente não deveria "governar para nichos".
"Não adianta eu tratar da carteira de motorista do caminhoneiro. Se a economia estiver em recessão, não vai ter ninguém mais para contratar o frete dele. Se as pessoas estiverem com menos dinheiro, não vão poder nem comprar armas. Muito menos um carro", disse Maia.
Os parlamentares ainda criticaram a política ambiental do governo Bolsonaro, que pode trazer prejuízos até para o agronegócio, ironizaram a postura do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em suas aparições na internet e ainda alfinetaram o ministro da Justiça, Sérgio Moro.
"O presidente me pediu Previdência. Eu vou ficar com essa pauta. eu vou atender o presidente", comentou Alcolumbre ao falar sobre o pacote anticrime do ex-juiz federal da Operação Lava Jato. "O projeto do Moro tem coisas boas e ruins", acrescentou Maia.