"O chefe da Lava-Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é um bobinho. É um bobinho. Quem operava a Lava-Jato era o Moro", afirmou Mendes em entrevista à revista Época.
O ministro do Supremo fez essa análise com base nos diálogos mantidos entre Moro e Dallagnol durante o andamento da operação, exposto no último domingo pelo The Intercept Brasil, cujo tom indicaria que julgador e acusação trabalhavam juntos contra investigados.
Um dos alvos centrais de Moro e Dallagnol, segundo o material divulgado pelo The Intercept Brasil, era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso desde abril do ano passado em Curitiba, após ser condenado pelo então juiz federal no caso do triplex do Guarujá (SP).
"Eu acho, por exemplo, que, na condenação do Lula, eles anularam a condenação", opinou Mendes, que liberou para análise, pouco depois dos vazamentos terem sido revelados pelo site, um pedido de habeas corpus da defesa do ex-presidente.
O ministro do STF, que mais de uma vez criticou os métodos da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba, ainda avaliou que Moro – atual ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e possível indicado para uma vaga no Supremo em 2020 – cometeu ao menos um crime.
"Um diz que, para levar uma pessoa para depor, eles iriam simular uma denúncia anônima. Aí o Moro diz: ‘Formaliza isso’. Isso é crime", ressaltou Mendes.
Tanto Moro quanto Dallagnol já ressaltaram não verem qualquer problema nos diálogos publicados pelo The Intercept Brasil, focando a sua crítica ao fato de que autoridades tenham sido alvo de ataques de hackers, segundo versão dos envolvidos. A Polícia Federal investiga o caso.