A Polônia está sediando os maiores exercícios dos últimos tempos da OTAN, Dragon 2019. Quase simultaneamente, nos países bálticos e no mar Báltico, foram iniciadas as manobras BALTOPS. Esses eventos militares contam com participação de 18 mil efetivos e 2,5 mil equipamentos miliares que abrangem terra, água e ar. Desta forma, a região russa de Kaliningrado, novamente, está cercada por tropas da Aliança Atlântica.
Fogo de guerra
De acordo com generais poloneses, Dragon 2019 possui exclusivamente caráter de defesa e visa aperfeiçoar a interação operacional com militares dos países da OTAN. Além dos poloneses, mais de três mil efetivos da República Tcheca, Romênia, Reino Unido, Itália, Hungria, EUA, Espanha, Croácia e Bulgária fazem parte dos exercícios. A brigada de tanques de Varsóvia comanda temporariamente batalhões de tanques da Alemanha, batalhão mecanizado Telemark das Forças Armadas da Noruega e batalhão mecanizado da Eslováquia.
As manobras estão sendo realizadas por todo o terreno da Polônia, incluindo o maior polígono militar na região de Drawsko Pomorskie. Militares poloneses começaram o treinamento com entusiasmo, não economizando projéteis e forças, chegando a exagerar um pouco. No primeiro dia das manobras, o polígono pegou fogo. O incêndio ocupou cerca de 100 hectares, tendo 30 brigadas de bombardeiros sido acionadas para acabar com as chamas.
🇵🇱 The biggest (in 2019) military exercises Dragon-19 started yesterday in #Poland. The certification of NATO VJTF-20 (Very High Readiness Joint Task Force) will take place in the framework of these drills. https://t.co/EYWC3C9dEz
— Denys Kolesnyk (@denkolesnyk) 16 de junho de 2019
Já no país vizinho, Lituânia, está decorrendo outro exercício militar, Lobo de Ferro 2019, com meta oficial de integração das forças lituanas e dos aliados da OTAN em um único sistema de combate, capaz de planejar e cumprir missões de combate com alta eficiência. Assim como os poloneses, os lituanos recebem ajuda de militares de outros países europeus e dos EUA, que fazem parte dos batalhões multinacionais do grupo de combate da Aliança Atlântica.
Golpe do mar
No mar Báltico, OTAN formou um grande grupo naval para exercícios BALTOPS. Navios e aeronaves de 16 países da OTAN, bem como da Finlândia e Suécia, ou seja, cerca de 12 mil pessoas, 44 navios e mais de 40 aviões e helicópteros de combate estão envolvidos nos exercícios militares.
Vale destacar que é o comandante da 2ª Frota dos EUA, vice-almirante Andrew Lewis, que está gerenciando as manobras do navio de comando USS Mount Whitney.
Não se deve esquecer que a 2ª Frota dos EUA, criada na década de 50, desempenhou papel importantíssimo na rivalidade com a União Soviética na época da Guerra Fria. Em 2011, o presidente norte-americano Barak Obama dissolveu a 2ª Frota por ser desnecessária. Mas, em 2018, a frota ressurgiu. O Pentágono nem tenta esconder que a ressurreição da frota teve como finalidade conter a Rússia tanto no Báltico, como no Atlântico Norte. Os exercícios BALTOPS são a primeira missão comandada pela 2ª Frota da Marinha dos EUA.
Marinheiros da OTAN estão atuando na zona sul do mar Báltico, treinando busca e aniquilação de minas marítimas e de submarinos e tentando repelir ataques aéreos de inimigo. Uma das tarefas principais é o desembarque da água para o solo, sendo que os fuzileiros navais atracam na costa perto da fronteira com a Rússia. Um acidente ocorreu também nesses exercícios. Um navio de desembarque ORP Gniezno da Marinha da Polônia acabou danificando sua parte inferior durante o desembarque dos militares ao colidir com um obstáculo.
A Frota do Báltico russa está acompanhando cada passo da Aliança Atlântica. "Para revelação das ameaças à segurança de navegação de navios civis ligadas ao uso de meios de luta radioeletrônica por navios da OTAN, a Frota do Báltico está realizando o controle da situação radioeletrônica na zona das manobras", anunciou o Centro de Gestão da Defesa da Rússia.
Caças da Força Aeroespacial da Rússia são obrigados a repelir com frequência aviões da OTAN da fronteira russa. Assim, em 17 de junho, Su-27 interceptaram bombardeiros estratégicos B-52H da Força Aérea dos EUA, que se aproximaram das fronteiras da Rússia nos mares Negro e Báltico. Segundo mídia americana, esses bombardeiros pertencem à 5ª Asa de Caça, que está localizada no estado da Dakota do Norte. Um dos bombardeiros participou dos exercícios sobre o mar Báltico, outros dois estão realizando manobras na Romênia. Uma semana antes da intercepção, um Su-27 interceptou sobre o mar Báltico dois aviões de reconhecimento, um RC-135 da Força Aérea dos EUA e um Gulf Stream da Força Aérea da Suécia.
Por sua vez, bombardeiros da Aviação Naval da Rússia em meio aos exercícios BALTOPS acabaram treinando um pouco a destruição de alvos na superfície da água. Há uns dias, mais de dez bombardeiros russos Su-24, acompanhados por caças Su-27, realizaram simulação de ataque contra navios hipotéticos de inimigos.
Temporada quente
A atividade da OTAN perto da fronteira russa não diminui há anos. A Aliança Atlântica pretende durante o verão no Hemisfério Norte realizar na Europa pelo menos 20 manobras diferentes. O programa mais intenso está agendado para junho. Assim, na região do Báltico acontecem as manobras Napoleon Reserve 19 para forças de reservas operacionais, na Polônia – Noble jump 19, para grupos operacionais de alta prontidão, na Espanha - Ramstein Guard 6 na esfera de luta radioeletrônica, no Kosovo – KFOR ST II 19, para preparar os futuros chefes dos estados-maiores para as novas missões e situação geral.
Em junho, no decurso dos exercícios CWIX 19 na Polônia vão ser testados meios de telecomunicação, tecnologia e elaborações experimentais. Na Noruega ocorrerá Trident jackal 19 para melhorar as capacidades de mobilização rápida OTAN-Espanha, na Lituânia – Ramstein Alloy, para aperfeiçoar a interoperabilidade entre as forças aéreas na região. Na Romênia, no decurso dos exercícios Istria- 19 serão verificadas táticas, meios e procedimentos da OTAN relacionados à defesa antiaérea. Na Hungria e Bulgária, estão programados os exercícios Black Swan 19 para treinar ações conjuntas das unidades especiais e convencionais, bem como Saber Guardian 19 com participação dos EUA.
Além de tudo isso, Pentágono continua se reforçando na Polônia. Donald Trump declarou, na semana passada, a instalação de mais uma base militar dos EUA em território polonês, que já conta com mais de 4,5 mil militares norte-americanos. Além do mais, o Pentágono instalará um esquadrão de drones de reconhecimento MQ-9 na Polônia.