"O Irã foi e continua sendo nosso aliado e parceiro", declarou nesta terça-feira o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev.
"Nesse sentido, quaisquer tentativas de retratar Teerã como a principal ameaça à segurança regional, quanto mais incluí-lo junto ao Daesh e outras organizações terroristas, são inaceitáveis para nós", acrescentou.
O alto funcionário fez suas declarações em Jerusalém após uma reunião com o conselheiro de segurança nacional do presidente estadunidense Donald Trump, John Bolton, e seu colega israelense, Meir Ben-Shabbat, ambos os quais entraram em confronto com os russos sobre suas opiniões sobre o Irã.
Os EUA culpam Teerã por atacar dois petroleiros no golfo de Omã em 13 de junho (que o Irã nega), e anunciaram novas sanções em resposta ao fato de o Irã ter derrubado um avião não tripulado dos Estados Unidos que violou seu espaço aéreo na semana passada.
Bolton acusou a República Islâmica de uma "rodada de provocações violentas" no exterior, incluindo "ameaças ao fornecimento global de petróleo". O Irã é "uma fonte de beligerância e agressão no Oriente Médio", prosseguiu. A mesma postura foi expressa pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que disse que o Irã "intensificou" os ataques contra Tel Aviv e Washington.
Como evidência do suposto envolvimento iraniano nos ataques ao petroleiro, o Pentágono compartilhou um vídeo granulado do que disseram ser marinheiros iranianos removendo uma mina que não funcionou bem do casco do navio. Nikolai Patrushev descartou a gravação como "informação de baixa qualidade" que, por si só, "não permite que nenhuma decisão seja tomada".
"Deve haver uma investigação objetiva, e não apenas colocar a culpa em alguém, mas na verdade descobrir o que aconteceu", avaliou.
Moscou há muito pede que todos os lados demonstrem moderação e tenham uma abordagem equilibrada ao conflito, sem ameaças e sanções. O ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, ponderou que a nova rodada de restrições dos EUA ao Irã "envia um sinal de que a situação está caminhando para um cenário muito ruim".
Lavrov afirmou que a situação atual o "lembra" do início de 2003, quando os EUA tentaram construir um caso para a invasão do Iraque. Naquela época, Washington afirmou que o líder iraquiano Saddam Hussein estava estocando armas de destruição em massa, o que se comprovou falso pós-invasão.
"Todos nos lembramos de como isso terminou", finalizou.