Cientistas da NASA calculam número de vítimas e proporções do meteorito de Tunguska

© AFP 2023 / Ye Aung Thu A queda de um meteorito (foto de arquivo)
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Modelos da NASA mostram que o meteorito de Tunguska era muito maior do que imaginado, e os depoimentos das testemunhas mostram que havia no local da queda cerca de 30 pessoas, escrevem cientistas da agência espacial americana e seus colegas russos na revista Icarus.

No fim de junho, o Evento de Tunguska completa mais um ano. Há 111 anos, um meteorito caiu em uma região despovoada da Sibéria, destruindo uma área florestal do tamanho de Hong Kong. Trata-se da maior catástrofe natural causada por um meteorito a ser detalhada.

"Em todo o tempo de existência da humanidade, conseguimos rastrear um número extremamente pequeno de grandes meteoritos e, portanto, não sabemos como os asteroides se desintegram na atmosfera e que tipo de destruição eles podem causar. A queda do meteoro de Chelyabinsk e novos métodos de cálculo nos ajudaram a aprofundar nossa compreensão do comportamento deles", afirmou Lorien Wheeler, do Centro de Pesquisa Ames da NASA.

A queda do meteoro de Chelyabinsk em fevereiro de 2013 fez com que cientistas pensassem no meteorito de Tunguska e começassem a reexaminar as consequências de sua queda. Estes dados, de acordo com pesquisadores, são fundamentais para avaliar a frequência de queda de corpos celestes no nosso planeta.

Modelo computadorizado do Evento de Tunguska

Uma vez que não houve observações sérias do meteorito de Tunguska, astrônomos só conseguiam teorizar sobre o tamanho e o local da queda. Mas, como observou Wheeler, tecnologia moderna pode resolver este problema.

Com base nos depoimentos de testemunhas, na escala de destruição e na ausência de cratera, cientistas da NASA construíram um modelo computadorizado do Evento de Tunguska e calcularam 50 milhões de cenários. Os cálculos foram baseados em um dos últimos modelos matemáticos, que descreve realisticamente como meteoritos se desintegram e queimam na atmosfera.

Como resultado, astrônomos puderam calcular a potência aproximada da explosão, a velocidade, o tamanho e a massa do asteroide, bem como a densidade dele. Acontece que o meteorito de Tunguska era um pouco maior do que antes estimado – ele tinha uns 75 metros de diâmetro, com uma potência explosiva próxima das mais poderosas bombas de fusão soviéticas e americanas, ou seja, mais de 20 megatons.

Muito provavelmente, o meteorito se desintegrou e explodiu a uma altitude entre 12 e 17 quilômetros, dando à zona afetada um diâmetro entre cinco e 12 quilômetros. Eventos como esse não ocorrem com frequência, porém, a raridade é mais do que compensada pela possibilidade de destruição.

Império Russo com queda de meteorito

De acordo com cientistas do Instituto SETI (EUA) e seus colegas russos do Instituto de Astronomia e do Instituto da Dinâmica da Geosfera da Academia de Ciências da Rússia, no caso do meteorito de Tunguska, a humanidade teve sorte por ter caído em uma área relativamente despovoada do Império Russo.

Ao mesmo tempo, foi possível calcular o número de pessoas que poderiam ter sido vítimas da queda do asteroide. Para isso, os cientistas analisaram todos os registros disponíveis dos depoimentos das testemunhas, incluindo as histórias dos criadores de renas, registradas por pesquisadores soviéticos.

Mais de 700 histórias foram analisadas, nas quais foram mencionados os nomes de quase dois mil habitantes da região da Sibéria Oriental. Como os cientistas supõem, havia apenas umas 30 pessoas na zona da queda do meteorito.

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