Entretanto, destacou o ex-ministro, a influência da Europa diminui devido às divisões internas.
A União Europeia pode servir de baluarte contra as tentativas dos EUA de procurarem a mudança de regime no Irã, considera Frattini, que agora ocupa o cargo de presidente da Sociedade Italiana para Organização Internacional.
"Eu acho que a América não consegue fazer isso [quando] tem a posição contrária de toda a União Europeia e eu gostaria de adicionar que a OTAN será fortemente contra [isso, também]", disse o ex-ministro em entrevista à RT.
Reincidência da história
Frattini teve experiência direta como membro da governação da União Europeia durante a época de outra intervenção militar dos EUA – contra o Iraque. Em 2003, quando a coalizão dos EUA invadiu esse país, ele exercia o primeiro mandato como ministro das Relações Exteriores no governo de Sílvio Berlusconi.
Naquele tempo, Berlusconi apoiou a invasão, o que o pôs em conflito contra membros da União Europeia e aliados da OTAN como a França e a Alemanha, que apelavam à diplomacia em vez da intervenção militar. O governo do Reino Unido, liderado naquele período por Tony Blair, contudo, deu a Washington seu apoio incondicional, dando uma aprovação parcial da Europa à chamada "coligação de vontades" ("coalition of the willing" em inglês) de Bush.
Força ou fraqueza da UE?
Frattini admitiu que a União Europeia atualmente não está bem posicionada para resistir ao "agitar de sabres" dos EUA no Oriente Médio. "A Europa tem perdido sua alavanca política importante [...] esta Comissão Europeia cessante é muito fraca. Os países-membros estão divididos quanto à questão do Irã", disse Franco Frattini.
Ele também condenou os líderes dos países-membros da UE de terem escolhido evitar as sanções em vez de impulsionar negociações políticas. "Isso foi um erro [...] Porque se você escolhe um mecanismo para se esquivar, isso significa que você não pôde concordar com a melhor opção. A melhor opção são as negociações políticas", disse o ex-ministro.
No entanto, ele notou que os EUA estão consideravelmente limitados pela relutância da Europa em apoiar incondicionalmente a política externa dos EUA.
"Os EUA precisam da Europa porque a Europa tem uma longa tradição de presença política em todo o Oriente Médio [...] a presença da União Europeia e dos países-membros sempre foram vistos de uma maneira melhor do que a América, exportando a democracia, invadindo o Iraque e assim por diante."
O ex-ministro adicionou que a tradição europeia do poder suave, ajudando os EUA, se tem desvalorizado.
Mais uma tentativa de atacar o Irã, concluiu Frattini, irá finalmente terminar com um recuo de Trump, como ele fez na semana passada quando os ataques aéreos planejados foram cancelados 10 minutos antes de serem efetuados.