"Os resultados são sempre bons quando o presidente Trump se encontra com líderes mundiais, seja Putin, Xi Jinping ou o norte-coreano [Kim Jong-un]", comentou o analista político Andre Vltchek à RT, falando no final do encontro em Osaka, notando que, contudo, daqui a uma semana ou um mês Trump poderia acordar e tuitar algo sobre a Venezuela ou Coreia do Norte que contradiz completamente suas palavras anteriores.
"Houve muita teatralidade" no G20, disse Paul Ingram, diretor executivo do Conselho Britânico-Americano de Informações sobre Segurança.
"Donald Trump esteve falando muitas coisas que eram claramente destinadas para fazer manchetes. Mas o que está realmente acontecendo por baixo, ninguém sabe."
Questão do armamento
Independentemente do caminho que o líder dos EUA escolher a seguir, é muito importante que Moscou e Washington falem, especialmente sobre questões tão importantes como o controle de armamentos, disse Ingram. Como os EUA já se retiraram do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) e estão considerando abandonar o Novo START (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), "é provável que possamos ter facilmente a instalação de novos mísseis nucleares na Europa, o que está aterrorizando muitos países europeus no momento".
Trump, ao sair desses acordos marcantes de não-proliferação nuclear, mostra que "não há consciência na cabeça do presidente dos EUA sobre quanto esforço é necessário para negociar esses tratados", acrescentou.
Após a retirada do INF, "eu não sei até onde a Rússia ainda pode confiar nos EUA", alertou Vltchek.
"Obviamente, a Rússia não tem outra escolha senão fazer o seu melhor, para o bem do seu próprio povo e para o bem do mundo, para forçar os EUA a negociar."
Planos para o futuro
Vltchek acredita que "a coisa mais importante agora é manter Donald Trump otimista por pelo menos um ano, até ocorrer o próximo 'grande' encontro entre ele e Putin em 9 de maio de 2020." Durante o G20, Vladimir Putin convidou seu colega americano a ir a Moscou para as celebrações do Dia da Vitória na próxima primavera, e Trump supostamente "respondeu positivamente" à ideia.
Entretanto, em Osaka Trump declarou novamente sua disposição de resolver o impasse entre os EUA e a Coreia, dizendo mesmo que queria se encontrar com Kim na zona desmilitarizada entre o sul e o norte da península. O acordo coreano "demanda mais do que relações pessoais entre [Trump e Kim]", advertiu Ingram, observando que o processo precisa do "entendimento dos caminhos que levam um país como a Coreia do Norte a adquirir armas nucleares".
O comportamento de Washington nas negociações coreanas é o mesmo que impede a resolução de outras disputas em todo o mundo, enfatizou Vltchek. "Todas as portas estão abertas – da Rússia, da China, da Coreia do Norte [...] seus líderes estão dispostos a negociar. São sempre os EUA que recuam e começam a pressionar para obter sua superioridade econômica ou – eu odeio usar a palavra – pelos seus interesses imperialistas."
"A diplomacia é muito melhor do que a guerra ou o conflito [...] mas por trás da retórica estão sempre interesses nacionais", apontou o analista político Andrew Leung. As aspirações de Washington, Moscou e Pequim são diferentes, então o "terreno comum [deve ser encontrado], mas é claro que a administração Trump acredita que a América tem força dominante em muitas frentes e está preparada para usar essa força para empurrar o envelope para 'América primeiro'."
"Usando como trunfo esse tipo de atitude em que o forte dita as políticas e o fraco tem simplesmente que obedecer, não é bem aceito por muitos outros países", advertiu Leung.