Na última quinta-feira (4) de noite, Jair Bolsonaro se reuniu com os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura), o secretário especial da Agricultura e Pesca, Jorge Seif, e uma intérprete de libras em transmissão ao vivo no Facebook intitulada "Assuntos da semana".
Em pouco menos de 40 minutos, o presidente comemorou a liberação da pesca de tainha em Santa Catarina, fez propaganda para as broas da irmã Dulce, que será canonizada em outubro pelo papa Francisco, defendeu trabalho infantil e projeto modificador das regras de trânsito e ignorou completamente o assunto mais esperado: a reforma da Previdência.
Dando atenção especial ao trabalho infantil, Jair Bolsonaro dividiu experiências pessoais de quando era pequeno e trabalhava "duro" na fazenda, o que não o prejudicou em nada, revelou. Para o presidente do Brasil, uma criança que trabalha ocasiona fortes críticas da sociedade, já uma que fuma "um paralelepípedo de crack", nem tanto.
A descriminalização do trabalho infantil, para Bolsonaro, poderia levá-lo ao massacre: "Fiquem tranquilos que eu não vou apresentar nenhum projeto aqui para descriminalizar o trabalho infantil, porque eu seria massacrado."
A hashtag #trabalhoinfantil entrou rapidamente para os assuntos mais comentados de hoje no Twitter, com discussão calorosa de quem discorda ou concorda com o presidente do Brasil.
#trabalhoinfantil pra quem?
— Izanildo Sabino (@izanildosabino) 5 de julho de 2019
Enquanto o filho do rico tem que estudar pra virar doutor o filho do pobre tem que trabalhar para não virar vagabundo, é este tratamento desigual que Bolsonaro propõe.
É preciso que o filho do pobre tenha os mesmos direitos do filho do rico.
Internauta diz ter notado com a defesa de Bolsonaro ao trabalho infantil por que ele é "sem cultura".
#trabalhoinfantil Defender trabalho infantil é igual a defender a escravidão. Uma criança deve estudar de preferência em tempo integral, para poder se tornar um cidadão crítico e social. Noto agora porque o Bolsonaro é o que é, uma pessoa sem cultura e que defende o lado errado.
— Cesar Costa (@cesarhocosta) 5 de julho de 2019
Para internauta, trabalhar aos 10 anos não é mérito, e sim "desumano".
Para as pessoas que estão falando que trabalham desde os 12, 13 anos e estão muito bem hoje, ENTENDAM! Ser favorável a isso é desumano, pq isso aqui é #trabalhoinfantil : pic.twitter.com/iAqZq2XQhj
— Bruno está com sono (@brunostilinski) 5 de julho de 2019
Não se trata de "ajudar na empresa do papai, ou na roça do titio".
Muita gente ai falando que começou a trabalhar cedo mimimi, gente, não tamo falando aqui de ajudar na empresa do papai, ou na roça do titio. São milhares de crianças exploradas em situações terríveis, que não vão trabalhar meio período e estudar a outra metade. #trabalhoinfantil
— Lua Marinho (@aluamarinho) 5 de julho de 2019
A defesa de Bolsonaro ao trabalho infantil recebeu elogio de internauta que contou história do que passou quando criança.
Trabalho desde os 12 anos de idade, motivado por meus pais, para aprender que o dinheiro não nasce em árvore, mas é fruto de muito esforço e mérito. Mesmo trabalhando consegui fazer 3 faculdades e 3 especializações.
— Pr. Glaucio Augsue (@glaucioaugsue) 5 de julho de 2019
O esquerdismo é uma desgraça para os jovens.#trabalhoinfantil
A Constituição Federal, em seu artigo 7º, proíbe no Brasil o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.