O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, anunciou a decisão durante a reunião do governo com representante da Organização de Energia Atômica do Irã.
Prazo de 60 dias
Enquanto isso, Teerã diz dar 60 dias aos países subscritores do acordo nuclear para compensarem os impactos adversos da retirada unilateral pelos Estados Unidos.
Araqchi disse que os europeus ainda não atenderam às exigências do Irã, inclusive em relação a um canal de pagamento direto não monetário com o Irã conhecido como INSTEX.
"Hoje estamos dando o segundo passo [...] Nossos compromissos sobre o nível de enriquecimento foram reanalisados e estamos reduzindo nossos compromissos a esse respeito", disse o vice-ministro ao canal Press TV.
Ele também informou que o ministro das Relações Exteriores Javad Zarif enviou uma carta à alta representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Federica Mogherini, sobre a decisão do Irã.
"Se essas oportunidades não forem utilizadas, ninguém deverá duvidar de nossa seriedade , de que a redução de nossos compromissos vai continuar a cada 60 dias", notou Araqchi.
Retirada do acordo é possível
A redução de compromissos do Irã pode levar à retirada completa do acordo nuclear, mas a República Islâmica empreende todos os possíveis para que isso não aconteça, também declarou Araqchi.
"A redução dos nossos compromissos decorre paralelamente à manutenção do JCPOA, não à sua destruição, mas essa tendência pode levar à cessação da nossa participação no acordo", afirmou o vice-ministro.
Daqui a 60 dias Teerã anunciará que compromissos no acordo nuclear serão reduzidos.
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), aprovado unanimemente pelo Conselho de Segurança da ONU em 2015, entrou em vigor por um período de 10 anos e estabelece que Teerã se compromete a não possuir mais que 300 kg de urânio enriquecido até 3,67%, a não produzir urânio altamente enriquecido e plutônio militar ao longo de 15 anos.
Reação da Rússia
O presidente do comité internacional do Conselho da Federação, Konstantin Kosachev, disse à Sputnik que as exigências do Irã sobre a manutenção do acordo nuclear são justificadas e que os EUA têm a responsabilidade pela manutenção do convênio.
"O JCPOA inicialmente foi 'implodido' pelos EUA, e depois os europeus adiaram o cumprimento da sua parte dos compromissos. A criação do mecanismo de pagamentos INSTEX se atrasou infundadamente e é ainda uma grande questão saber se vai finalmente começar a funcionar ou não", disse Kosachev.