Nesta segunda-feira (8), o líder bolivariano informou na ilha de Barbados (leste do Caribe) que "o processo de diálogo com a oposição venezuelana começou".
"Estou muito optimista [...] Hoje tiveram uma sessão de cinco horas e parece-me que, passo a passo, com paciência estratégica, abrimos caminho à paz", expressou Maduro em uma declaração transmitida pelo canal estatal.
Maduro também criticou o recente relatório apresentado pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, após sua visita ao país.
"Está cheio de mentiras, manipulação, dados falsos, uma repetição do relatório da alta comissária anterior, que lhe foi feito e ditado pelo Departamento de Estado dos EUA. Ela se rendeu sob a pressão deles", disse o presidente venezuelano, ressaltando que "os erros serão corrigidos o mais rápido possível".
'Diplomacia é melhor do que guerra'
Na opinião do especialista russo Egor Lidovskoi, diretor-geral do Centro Latino-Americano Hugo Chávez, a oposição não quer de fato uma negociação com o presidente venezuelano, até porque eles "pretendem expulsar Nicolás Maduro, e não alcançar o diálogo nacional".
"Todos sabemos perfeitamente que [os oposicionistas] não conseguiram fazer um golpe de Estado pela simples razão de não terem tido apoio suficiente do povo. Seja qual for a maneira como a mídia ocidental tenta mostrar, a verdade é que Nicolás Maduro tem um nível muito alto de apoio entre o público em geral", comentou o analista.
No entanto, segundo Lidovskoi, há ainda uma possibilidade de que, com a ajuda destas negociações, seja possível alterar a situação.
"Penso que, apesar da atitude [da oposição], ainda devemos considerar isto como um passo positivo. E embora, naturalmente, eu não espere que eles realmente trabalhem para o consenso nacional, qualquer diplomacia é melhor do que qualquer guerra, então eu desejo boa sorte para essas negociações e espero que ainda haja uma chance de que alguns compromissos sejam alcançados", concluiu o especialista.
Progresso nas negociações
O governo e a oposição realizaram várias rodadas de negociações, mediadas pela Noruega. No entanto, nenhum acordo foi ainda alcançado.
O governo norueguês disse que houve progresso nas negociações entre as partes interessadas, em Oslo. O diálogo supostamente inclui funcionários do governo e pessoas leais ao líder da oposição, Juan Guaidó.
As tensões na Venezuela pioraram desde 21 de janeiro, quando começaram os protestos em massa contra o atual presidente reeleito, Maduro.
Depois do início dos motins, o líder oposicionista Guaidó se declarou presidente interino. Vários países ocidentais, liderados pelos EUA, anunciaram o reconhecimento de Guaidó, enquanto a Rússia, a China e outros países apoiaram Maduro como o presidente legítimo da Venezuela.