A chancelaria ucraniana também pediu às autoridades húngaras que se abstenham de visitas à região ucraniana da Zacarpátia até que as eleições parlamentares da Ucrânia sejam realizadas no domingo (21).
"Na reunião com o embaixador da Hungria na Ucrânia, Istvan Ijgyarto, no Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia [o vice-ministro] Yegor Bozhok expressou preocupação sobre as últimas ações das autoridades húngaras, que têm sinais claros de interferência na vida política interna da Ucrânia", disse o Ministério através de um comunicado.
A chancelaria afirmou estar preocupada com as visitas de autoridades húngaras à região ocidental da Ucrânia - Zacarpátia - além de declarações públicas de húngaros em apoio a alguns candidatos a cadeiras no parlamento ucraniano.
A Zacarpátia é uma região administrativa ucraniana cuja porção sudoeste tem forte presença de húngaros.
De acordo com o Ministério, no início do dia, o chefe do gabinete do premiê húngaro, Gergely Gulyas, fez uma visita informal ao distrito de Uzhhorod, que fica na região citada, usando seu passaporte diplomático e ignorando as recomendações anteriores de Kiev.
"Consideramos essas ações do lado húngaro como uma violação dos cânones diplomáticos e do espírito de boa vizinhança. O lado ucraniano se reserva ao direito de tomar medidas para evitar a interferência da Hungria nos assuntos internos da Ucrânia", destacou.
As relações entre Ucrânia e Hungria se deterioraram devido a uma lei ucraniana de 2017 que restringiu o direito das crianças das minorias nacionais de estudar suas línguas nativas.
Em setembro, as tensões aumentaram ainda mais após relatos de que o consulado húngaro em Berehove, uma cidade localizada na região da Zacarpátia, perto da fronteira húngara, emitiu passaportes húngaros para cidadãos ucranianos. Isto foi feito apesar do fato de que a Ucrânia não reconhece a dupla cidadania. A medida levou Kiev a expulsar o cônsul húngaro do país, ao que a Hungria respondeu da mesma forma.