As causas exatas da queda e os culpados exatos ainda não foram determinados, embora a Equipe Conjunta de Investigação (JIT, na sigla em inglês) esteja operando já há vários anos.
Durante uma entrevista à Sputnik nesta quarta-feira (17), o embaixador da Rússia na Holanda, Aleksandr Shulgin, comentou que a JIT tinha adaptado os fatos de modo a acusar Moscou pela queda do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014.
A declaração vem depois que Bruxelas culpou mais uma vez a Rússia pela catástrofe do malogrado avião, mas se recusou a fornecer qualquer evidência para apoiar suas afirmações.
Acusações sem provas
Quando perguntado sobre a qualidade do trabalho da equipe de investigação conjunta, Shulgin ressaltou que "a qualidade do trabalho da JIT pode ser avaliada pelos resultados da coletiva de imprensa realizada em 19 de junho, durante a qual foram proferidos novos ataques contra a Rússia sem se basearem em nenhuma prova".
"Mais uma vez, fomos acusados de falta de vontade de cooperar devidamente com a investigação, de não cumprimento das obrigações legais internacionais de prestar assistência jurídica e de tentativas de desviar os investigadores do caminho 'correto'. Ao público foram apresentadas evidências, que parecem confirmar a nossa culpa, recebidas do Serviço de Segurança da Ucrânia. A sua fiabilidade e qualidade podem ser julgadas mesmo sem se ser um perito criminal. Julgue por si mesmo", ressaltou o embaixador.
Questionado sobre a consideração que tem o Ocidente pela versão russa dos acontecimentos ligados com o MH17 e pela cooperação russa no caso, o diplomata afirma que "não existe uma interação verdadeiramente igual e não se prevê que haja".
"Quero enfatizar que a culpa não é nossa. De tempos a tempos, os pedidos de assistência jurídica que recebemos do Ministério Público neerlandês são cuidadosamente tratados pelas nossas autoridades competentes e, à medida que estão disponíveis, são dadas respostas abrangentes. A JIT em si é um 'clube' estritamente fechado que não se apressa a compartilhar informação", disse o embaixador russo, complementando que a equipe internacional "libera ao público apenas aquilo que foi cuidadosamente filtrado, negociado, aprovado por todos os membros do grupo e não contradiz a única versão oficial considerada correta".
Adulteração do caso?
"Os acordos alcançados no seu âmbito permitem à Ucrânia – um Estado que pode ser acusado de destruir o avião – manipular a investigação", destaca.
Para mostrar o nível de "cooperação" do Kremlin com a JIT, o embaixador cita o exemplo da ocasião em que a Rússia transmitiu aos investigadores, em outubro de 2016, os dados de vigilância por radar da área do alegado lançamento do míssil que teria abatido o avião (o que excluiu completamente a possibilidade de fraude), enquanto que a Ucrânia e os Estados Unidos não disponibilizaram nenhuma informação solicitada pela equipe de investigação.
Ao ser solicitado, Kiev alegou que não entregou nenhum dado devido ao fato de que todos os seus sistemas de radar, no dia da catástrofe, estavam efetuando trabalhos de manutenção – o que foi aceite como verdade absoluta pelos investigadores da JIT.
"Já vimos a mesma coisa antes, durante todo o período de investigação técnica. Sempre que compartilhávamos dados valiosos com os nossos colegas neerlandeses, por vezes desclassificados especialmente para este fim, e propúnhamos realizar testes conjuntos deparávamos com um muro de silêncio", declarou o diplomata, adicionando que os "parceiros entendem por 'cooperação' e 'interação com a investigação' apenas a apresentação pela parte russa de provas que confirmem a versão oficial", e que o resto, segundo os próprios holandeses, são "tentativas de empurrar a investigação para o caminho errado".
Investigação imparcial
Ao ser questionado sobre o verdadeiro responsável pelo incidente com o avião do voo MH17, Shulgin afirma que apenas um "tribunal pode determinar e estabelecer" o culpado, devendo ser "independente e imparcial, tendo em conta todas as circunstâncias e versões, e não apenas aquela que a acusação lhe envia".
"Infelizmente, a forma como as coisas têm sido feitas antes, e continuam a ser feitas agora, não nos permite falar de uma investigação completa e imparcial."
Shulgin conclui explicando que a Malásia foi envolvida no trabalho da JIT apenas três meses depois que o grupo foi criado, o que mostra como o princípio da igualdade de todos os representantes é efetivamente respeitado.