O boletim FOCUS, do Banco Central, apontou nesta semana um aumento na projeção do PIB. A projeção que estava em 0,81% subiu para 0,82%. A economia brasileira em 2019, no entanto, segue recuando.
O indicador positivo do boletim FOCUS quebra uma sequência de 20 semanas de queda na projeção estimada pelo Banco Central.
"Existe algum alento e existe sobretudo um pouco mais de esperança. Estamos um pouco mais perto do fim do túnel da recessão depressiva forte", disse Istvan Kasznar, economista da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, em entrevista à Sputnik Brasil.
O boletim FOCUS é uma relatório semanal do Banco Central que compila dados de economistas no setor privado.
Kasznar explica que há pelos menos duas razões para o aumento na projeção do PIB calculado pelo Banco Central.
"Uma das razões que explica essa sinalização diz respeito ao fato de que no segundo semestre do ano tendemos a ter uma economia mais forte do que no primeiro semestre", aponta o economista.
O analista aponta que fatores como o pagamento do 13º aumentam a possibilidade de crédito e consumo, deixando o segundo semestre mais produtivo.
Um outro fator que explica a melhora é político, e está ligado à primeira vitória do principal projeto do governo do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL).
"Uma outra razão, é justamente esta mudança que aconteceu em relação à Previdência - à reforma dela - que fez com que visualizássemos melhor a existência, efetivamente, de uma aprovação na Câmara dos Deputados", acrescentou.
O economista, porém, critica o fato de o projeto original ter sido modificado, o que diminuiu a "economia" que o governo esperava, em torno de R$ 1 trilhão ao longo de uma década.
Mesmo assim, Kasznar entende que a possível aprovação da proposta no Senado aponta um cenário melhor para a economia em 2020.
"A herança dos governos anteriores foi terrível no sentido de se aumentar continuamente o déficit. Agora se faz uma operação de clean up - limpeza - para tentar, não apenas reduzir o déficit, mas acalmar a economia em busca de uma estabilidade sem déficit", aponta.
Reforma da Previdência não é o suficiente
O visão de Kasznar sobre a questão é ponderada ao apontar a necessidade de adoção de mais medidas pelo governo. Kasznar classifica como "pífio" um crescimento de 0,8% no PIB.
Para ele, a Previdência não é o suficiente para resolver a equação da crise e é necessário um projeto de desenvolvimento para o país, além de medidas no setor fiscal e de incentivo ao consumo.
"No Brasil ninguém vai sentir 0,8%. Você sente uma economia crescendo com 3%, com 4%, 5%, 8%! Aí sim. Mas quando você tem uma economia que o Banco Central prevê um crescimento de 0,8%, libera um pouquinho de recurso do FGTS e a economia vai a 0,85% continua totalmente medíocre", diz o professor.