Analista: visita de Pompeo mostra que EUA ainda encaram América Latina como seu 'quintal'

© AFP 2023 / MARVIN RECINOSPompeo durante visita a El Salvador
Pompeo durante visita a El Salvador - Sputnik Brasil
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A visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a vários países latino-americanos reforça a tradicional relação desigual entre os Estados Unidos e a região, segundo especialistas.

Entre os dias 19 e 21 de julho, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo visitou a Argentina, o Equador, o México e El Salvador. Durante os encontros oficiais foram discutidos temas importantes para a política externa americana. Diversas questões de alta relevância para os países da região ficaram fora das conversações, o que evidencia que os Estados Unidos continuam vendo a América Latina como seu "quintal", segundo o que especialistas disseram à Sputnik Mundo. A visita de Pompeo não buscou aprofundar uma visão que atendesse às necessidades da região, segundo Sebastían Hagobian, membro da coalização política uruguaia Frente Ampla.

"Esta é a quarta visita de Pompeo à América Latina. Ela cumpre alguns dos objetivos da agenda que os EUA estabeleceram dentro deste processo de recuperação de seu quintal", disse o analista e editor da revista Crisis de Ecuador, Carlos Pazmiño. Nos últimos anos, os Estados Unidos perderam influência na região para países como a Rússia, China e Irã, tanto no campo militar, como político e econômico.

Para ambos os especialistas, o terrorismo, a situação na Venezuela, o narcotráfico e a imigração legal foram os temas mais importantes na agenda de Pompeo.

Terrorismo

Nos dias 18 e 19 de julho foi realizada em Buenos Aires a Segunda Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo, da qual Pompeo participou. Simultaneamente, o governo argentino criou um registro público de pessoas ligadas ao terrorismo a pedido dos Estados Unidos e de Israel, que poderia marcar a imposição de restrições políticas e financeiras a supostos integrantes da milícia xiita libanesa Hezbollah no território do país sul-americano.

"Quando dizemos que a prioridade é o terrorismo, na América Latina não há tal preocupação, uma vez que ele não figura entre os principais problemas da região. Isto é um problema dos Estados Unidos", afirma Hagobian.

© Foto / YouTube/alchymediatvManifestantes em Washington, DC, durante protesto contra a postura ameaçadora dos EUA em relação à Venezuela
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Manifestantes em Washington, DC, durante protesto contra a postura ameaçadora dos EUA em relação à Venezuela

Venezuela

Em 21 de julho, Pompeo citou a Venezuela como a maior ameaça para a América Latina. Para os Estados Unidos a crise na Venezuela só acabará com a saída de Maduro. Pazmiño especula que Pompeo esteja buscando apoio para formação de uma aliança militar contra Maduro. "Pompeo, em uma de suas declarações, disse que os dias da Venezuela estavam contados [...] podemos até especular que eles estão buscando apoio para organizar uma intervenção militar", acrescentou.

"A ameaça da região é a Venezuela. O importante é que, quando vemos nossos valores afetados, trabalhemos junto com países que pensam como a gente", disse Pompeo em uma conferência de imprensa com o presidente de El Salvador Nayib Bukele.

Sendo assim, Washington não vê o diálogo e a aproximação das partes em conflito como uma alternativa.

Imigração e Narcotráfico

Quanto à imigração ilegal, Washington tem focalizado o estudo do problema nos imigrantes, sem buscar entender as causas do fenômeno. De modo semelhante, o foco sobre a grande produção de drogas na América Latina e sua entrada nos EUA não leva em consideração o grande consumo de narcóticos entre a população norte-americana.

Os Estados Unidos têm apostado em medidas paliativas sem tocar na raiz dos problemas da imigração e do narcotráfico.

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